A família do jornalista norte-americano Danny Fenster recorreu às redes sociais para pressionar pela libertação do repórter, preso na segunda (24) em Yangon, Mianmar. Ele está incomunicável desde então.
No Twitter, o irmão do jornalista, Bryan Fenster, marcou o presidente Joe Biden e o secretário de Estado Antony Blinken. “Pedimos a libertação imediata de Danny. Por favor, compartilhe e vamos chamar a atenção do Congresso”, escreveu. Representantes estaduais de Michigan já se mobilizaram pela soltura do jornalista.
Editor-chefe da revista Frontier Myanmar, Fenster foi preso pouco antes de embarcar em um voo que o levaria de volta aos EUA, no Aeroporto de Yangon. A prisão da cidade birmanesa é a maior do país e ganhou fama pelos maus tratos e torturas – especialmente a jornalistas e adversários políticos do governo.
Nesta sexta (28), um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA afirmou que os oficiais consulares da embaixada de Yangon não tiveram permissão para visitar Fenster na prisão. “Ataque inaceitável”, disse o porta-voz ao britânico “Financial Times”.
Diversos profissionais da imprensa estão detidos na penitenciária desde o golpe militar de 1º de fevereiro, alertou a RSF (Repórteres Sem Fronteiras). A organização instou a soltura imediata e incondicional de Fenster nesta quinta (27).
A revista chefiada pelo jornalista ganhou notoriedade ao realizar uma cobertura detalhada do golpe em Mianmar. Sithu Aung Myint, um dos colunistas da publicação, foi o primeiro incluído na lista de exclusão do novo governo. Ele pode ficar preso por até três anos por criticar os militares.
Jornalistas presos
Fenster é o quarto jornalista estrangeiro preso desde o golpe. Antes dele, foram detidos o polonês Robert Bociaga, o japonês Yuki Kitazumi e o também norte-americano Nathan Maung. Maung e seu colega Han Thar Nyein também estão detidos em Yangon.
Os dois já relataram maus tratos e tortura nas primeiras semanas na penitenciária. Ao retornar ao Japão, no dia 15, Kitazumi denunciou que os colegas foram submetidos a tortura e tratamentos humilhantes.
Pelo menos 86 jornalistas foram presos desde 1º de fevereiro em Mianmar. Pelo menos 49 seguem detidos. O país asiático está no 140º lugar do ranking de 180 países no Índice de Liberdade de Imprensa da RSF.
A violência impera em Mianmar desde o golpe. O watchdog Associação de Assistência a Prisioneiros Políticos aponta 827 mortos desde fevereiro. Câmeras de vigilância e imagens de celular já flagraram dezenas de cenas de terrorismo de Estado por parte de militares em todo o país. Adversários políticos, como a Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, estão presos.
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