Apollinaire Compaoré é uma das pessoas mais ricas de Burkina Faso. Amigo de presidentes e eleito um dos homens mais influentes da África, ele fez fortuna com o comércio de tabaco, representando a gigante Phillip Morris. A ONU (Organização das Nações Unidas), porém, o classifica como contrabandista. E dois relatórios do grupo europeu OCCRP (Projeto de Combate ao Crime Organizado e à Corrupção, em tradução livre) sugerem que ele é cúmplice de terrorismo e de outros crimes no continente.
Os cigarros vendidos por Compaoré ajudam a financiar sobretudo a compra de armas e o terrorismo, alimentando um conflito que mata centenas de milhares de pessoas todos os anos. Conforme relato da OCCRP, os cigarros da Phillip Morris são repassados a contrabandistas, que por sua vez pagam jihadistas para proteger seus comboios.
A operação comandada por Compaoré estabeleceu suas principais rotas através do Níger e do Mali. A operação engloba um total de seis países africanos, desde a Costa do Marfim até a Líbia. Essas rotas, usadas para transportar os cigarros, servem também a grandes traficantes de cocaína e de pessoas.
“Ele é um grande trapaceiro. Um homem mau, sem piedade”, disse Ali Babati Saied, seu antigo parceiro comercial, em entrevista à VOA (Voice Of America) na África.
Em um dos relatórios, o OCCRP acusa as autoridades de Burkina Faso e a gigante do tabaco de serem cúmplices da vasta operação de contrabando. Tanto que Compaoré segue como representante da empresa, mesmo em meio a inúmeras acusações de contrabandear o produto.
“Tudo indica que a Phillip Morris estava ciente do que estava fazendo”, disse a jornalista da organização Aisha Kehoe Down à emissora VOA (Voice of America). Segundo ela, há evidências de que a alfândega, os criminosos e membros do governo da região de Burkinabe operavam juntos, como uma “máfia de Estado”.
Em 2019, um relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) já havia estabelecido relações entre a companhia de tabaco e contrabandistas regionais. “[A empresa] fornece conscientemente àqueles que fazem o tráfico”, disse Ruben de Koning, especialista em finanças das Nações Unidas.
Um dos países mais pobres do mundo, Burkina Faso luta contra uma insurgência de grupos ligados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico desde que extremistas armados dominaram partes do vizinho Mali, em 2015.
Resposta
Em entrevista à VOA, o representante da Philips Morris em Burkina Faso Apollinaire Compaoré negou as acusações e classificou o relatório da ONU como “mentiroso”. Um dos homens mais ricos de Burkina Faso, Compaoré também rejeitou a afirmação do OCCRP de que duas de suas empresas nunca pagaram impostos.
“Eles são os diretores dos impostos?”, questionou. “Estão mentindo para me prejudicar”. Segundo ele, a administração tributária do país africano é muito rigorosa e não deixa passar “casos de impunidade”.
Em nota, a Philip Morris afirmou que não há evidências de irregularidades por parte da empresa ou contrabando dos produtos para países vizinhos. O departamento da alfândega de Burkina Faso não respondeu aos pedidos de comentário.
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