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quarta-feira, 26 de maio de 2021

Grupos ambientais criticam envolvimento da China em projeto de pesca de Serra Leoa

Grupos ambientalistas criticaram o envolvimento da China em um projeto voltado à indústria pesqueira de Serra Leoa. Conforme o portal Seafood Source, Beijin concedeu US$ 55 milhões ao governo do país africano para construir um ponto de pesca e fábrica de farinha de peixe na praia de Black Johnson.

O projeto, que já era debatido há mais de 50 anos, ocuparia 250 acres do território – área equivalente a dez campos de futebol. Para os opositores da ideia, porém, o projeto deve gerar um “desastre humano e ecológico internacional”.

“A produção industrial de farinha de peixe é extremamente prejudicial ao meio ambiente”, argumentou o grupo liderado pelo ILRAJ (Instituto de Pesquisa Legal e Advocacia pela Justiça) em nota. “As fábricas liberam produtos químicos tóxicos, destroem criadouros de peixes e dizimam estoques para os pescadores locais“.

Grupos ambientais criticam envolvimento da China em projeto de pesca de Serra Leoa
Praia de Black Johnson, em Serra Leoa, maio de 2021 (Foto: Reprodução/Facebook/Save Black Johnson Beach)

Entre os opositores estão organizações não-governamentais e proprietários de terras. O grupo criou uma página online para financiar a revisão judicial do negócio e denuncia a aquisição ilegal de terras por Beijing. O governo chinês nega.

“Sem fundamento”, classificou o conselheiro econômico e comercial da China na embaixada do país em Serra Leoa, Du Zijun. Segundo ele, o projeto prevê a assistência ao país africano. “O propósito é promover o desenvolvimento do setor pesqueiro de Serra Leoa”, disse.

A falta de recursos barrou a continuidade do projeto aprovado ainda na década de 1970. Uma alteração na lei de pesca do país, no ano passado, possibilitou a doação dos fundos chineses para a construção da plataforma, disse a ministra Emma Kowa-Jallo ao jornal local “The Patriotic Vanguard”.

Segundo ela, o local é o mais apropriado em termos de “batimetria e questões ambientais”. Além disso, o governo compensará os proprietários das terras de Black Johnson pelas possíveis perdas com até US$ 1,33 milhão.

Transparência e manejo ambiental

Um dos ativistas empenhados na dissolução do projeto é Steve Trent, fundador da Fundação para a Justiça Ambiental. Segundo ele, falta transparência ao negócio. “O acordo destruiria a floresta tropical intocada, saquearia estoques de peixes e poluiria criadouros e ecossistemas marinhos”, justificou.

A restrição às áreas de pesca dos pescadores locais e o deslocamento forçado da população que depende da praia para sobreviver também estão entre as consequências. “O projeto é profundamente opaco”, argumentou. “Isso levanta profundas preocupações sobre quem será beneficiado e quais são os impactos negativos”.

Trent afirma que não há dados sobre a avaliação do impacto social às comunidades locais – uma obrigação de Serra Leoa, conforme as leis internacionais. A produção de farinha de peixe em grande escala aumenta a intensidade da pressão da pesca sobre as espécies de peixes ameaçadas de extinção.

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