Após o longo processo de negociação do Brexit, Londres vê agora uma crescente campanha pela independência da Escócia. Em artigo publicado neste sábado (2) no “The Irish Times”, a primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, defendeu o rompimento do país com a Grã-Bretanha.
“Estamos comprometidos com um caminho constitucional para nos tornarmos um estado independente”, afirmou. A saída do Reino Unido da União Europeia é um motivo central, escreveu a líder escocesa.
Com uma maioria contrária ao Brexit, Edimburgo defende que a ruptura com Bruxelas, selada com um acordo no último dia 24, vem “no pior momento possível”.
“Por muito tempo, os sucessivos governos do Reino Unido levaram a Escócia na direção errada”. De acordo com Sturgeon, a ideia da independência escocesa não é sobre “separatismo”, mas sobre a necessidade de decisões “mais adequadas”.
Nicola se refere às restrições de diversos países a egressos do Reino Unido após a descoberta de uma cepa mais contagiosa da Covid-19 no país e uma explosão de novos casos. A recessão econômica motivada pela pandemia e pelo Brexit também não favorece a situação, apontou.
“Não é surpreendente que uma maioria consistente de pessoas na Escócia agora diga que é a favor de se tornar um país independente“, disse a primeira-ministra.
Líder do SNP (Partido Nacional Escocês, em inglês), Sturgeon se prepara para concorrer novamente às eleições regionais, programadas para maio de 2021.
“Referendos não são eventos alegres”, diz Johnson
Questionado sobre as ferramentas democráticas para a independência da Escócia neste domingo (3), o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, rejeitou uma nova consulta via referendo.
“Referendos em minha experiência, experiência direta, neste país não são eventos particularmente alegres. Eles não têm uma força unificadora notável no clima nacional, deveriam ser apenas uma vez a cada geração”, disse à BBC.
A reivindicação pela independência escocesa é forte no país e já dura três séculos. A Escócia chegou a ser independente entre 843 a 1707, e sua reunificação ao Reino Unido é até hoje motivo de discussão.
Em 2014, o referendo de independência terminou com 55,3% de votos contrários à saída do país do Reino Unido. Pesquisas recentes, no entanto, apontam um aumento de eleitores favoráveis ao rompimento.
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