Washington já pressiona o governo da Eritreia a retirar suas tropas de Tigré, região em conflito na Etiópia. Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA confirmou o movimento à Associated Press, nesta quinta (28).
No comunicado, o porta-voz afirmou que a pressão é direcionada aos altos escalões eritreus. A nota ainda transmitia “sérias preocupações” sobre abusos como saques e perseguição a civis.
A medida responde a uma carta aberta lançada por quatro ex-embaixadores dos EUA na Etiópia ao primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed, na terça (26).
No texto, os diplomatas denunciam as tropas eritreias em Tigré e alertam para um agravamento das tensões étnicas em território etíope. “[As tensões] refletem a proliferação de discursos de ódio e o aumento de violência étnica e religiosa”, diz a carta, publicada no jornal etíope “The Reporter”.
Diferente do tom usado pelo ex-presidente Donald Trump em relação a Ahmed, tido como aliado, os diplomatas foram enfáticos em sua preocupação com os confrontos. “Assistimos ao conflito em Tigré com grande inquietação”, diz o texto.
A Etiópia já negou a presença de soldados eritreus na região e a principal suspeita é a de que as forças se recusam a deixar o país. O governo eritreu já se declarou inimigo dos líderes de Tigré depois de uma guerra entre fronteiras, que durou por 20 anos.
Ahmed liderou o processo de pacificação, pelo qual ganhou o Nobel da Paz em 2019. Os conflitos em Tigré reiniciaram em 11 de novembro, quando forças etíopes assumiram o controle da região ao alegar “desobediência civil” após autoridades locais realizarem eleições mesmo depois do adiamento imposto pelo governo federal.
Isolamento
Nesta quinta-feira, a Eritreia negou a veracidade da carta lançada pelos diplomatas. “A alusão desses embaixadores a uma possível guerra territorial entre a Eritreia e a Etiópia só pode ser pouco sincera no conteúdo e maldosa na intenção”, diz o texto.
Em seguida, o país expressa “profundo desânimo” com “tal golpe provocativo e mal intencionado”. Asmara evitou se pronunciar sobre o conflito em Tigré, apesar das inúmeras denúncias de ataques entre as tropas da região e do país vizinho.
Enquanto isso, a região de Tigré segue isolada. “A situação está piorando a cada dia”, relatou o presidente da Cruz Vermelha Etíope, Ato Abera Tola. “Não há área que não seja afetada por este conflito, ele está em toda parte”.
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