Os altos índices de desemprego entre a população jovem desencadearam uma onda de protestos violentos em toda a Tunísia. As manifestações chegaram ao quinto dia nesta quarta-feira (20) e relembram a Primavera Árabe, de 2011.
A falta de trabalho já atinge um terço dos jovens do país, de 11,7 milhões de habitantes, ao norte da África. Nos protestos, os manifestantes saqueiam e vandalizam edifícios públicos. Há confronto direto com a polícia, relatou a Associated Press.
A maioria dos embates ocorre em distritos pobres e de alta densidade populacional. Nesta madrugada, os manifestantes reviveram os cânticos da Primavera Árabe e enfrentaram forte repressão policial na capital Túnis e em Sidi Bouzid, berço dos levantes em 2011.
“O povo quer a queda do regime”, diziam os jovens nas ruas de Túnis. O movimento, que teve origem na Tunísia e se espalhou por diversos países do Oriente Médio e Norte da África, culminou na queda de ditadores e por demandas pela democracia nos países da região.
Em Sidi Bouzid, a polícia disparou gás para dispersar os ativistas, disseram testemunhas à Reuters. Os jovens queimaram pneus e bloquearam estradas.
Governo tenta repreender protestos
O não cumprimento de promessas do presidente Kais Saied, eleito por vias democráticas em 2018, minou as expectativas dos jovens. Com uma economia à beira da falência, 18% da população apta a trabalhar está sem emprego.
Além disso, um quinto do país vive abaixo da linha da pobreza, conforme o Instituto Nacional de Estatística. Para tentar conter os protestos, o primeiro-ministro Hichem Mechichi ordenou o bloqueio de quatro dias e toque de recolher noturno.
O governo alega que o objetivo é impedir a contaminação por Covid-19 e “maneirar os protestos”. O Exército foi convocado a conter as tensões. Já são mais de 600 manifestantes presos.
Os protestos da Primavera Árabe causaram a destituição do presidente Zine al-Abidine Ben Ali na Tunísia, após 24 anos no poder. O autocrata morreu em 2019, aos 83 anos, na Arábia Saudita, onde permanecia em exílio.
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