Em sabatina no Senado, na terça (19), os principais membros nomeados ao governo de Joe Biden, empossado à presidência dos EUA nesta quarta-feira, defenderam suas visões e planos sobre a postura do país nos próximos quatro anos.
Os nomeados são Avril Haines, escolhida para liderar a inteligência nacional e Alejandro Mayorkas, à frente do Departamento de Segurança Interna. A secretaria de Estado fica a cargo de Antony Blinken e o Departamento de Defesa, de Lloyd Austin.
O grupo somará esforços em todas as questões sobre segurança internacional dos EUA, apontou o portal Vox. Conheça a seguir um pouco do que pretende cada um deles.
Avril Haines, diretora da inteligência nacional
Ex-conselheira adjunta de Segurança Nacional no governo de Barack Obama, Haines deve liderar as 18 agências de inteligência dos EUA. Segundo ela, o retorno ao acordo nuclear com o Irã está “muito longe” e Biden não deve pressionar uma rápida volta ao termo.
“Teremos que olhar para as questões dos mísseis balísticos e outras atividades desestabilizadoras antes do retorno”, apontou. Haines se refere aos indícios de armazenamento ilegal de urânio enriquecido por Teerã – elemento crucial na fabricação de bombas atômicas.
A nova diretora de inteligência se comprometeu ainda em divulgar um relatório sobre o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, morto em outubro de 2018 na embaixada da Arábia Saudita na Turquia.
O documento atesta que o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman premeditou o crime, adiantou Haines. A afirmação desmorona as relações entre Washington e Riad após os esforços de aproximação de Donald Trump.
Na Segurança Interna, Alejandro Mayorkas
Em resposta aos senadores, Mayorkas deixou claro que a nova administração não reverterá “imediatamente” as políticas de imigração de Trump e pediu paciência sobre o impasse na fronteira com o México.
“Isso não pode ser realizado ao toque de um botão”, disse. “Levará tempo para construir a infraestrutura e a capacidade para que possamos aplicar nossas leis conforme pretendido pelo Congresso”.
O advogado natural de Cuba garantiu que o governo analisará todos os casos de cidadãos sujeitos aos Protocolos de Proteção ao Migrantes de Trump, paralisados há meses na divisa.
Apesar de defender regras mais brandas e prometer auxílio aos países latino-americanos com maior incidência de migrantes aos EUA – El Salvador, Honduras, México, Guatemala – o governo de Biden não pretende abolir a fiscalização da imigração.
Antony Blinken é o novo secretário de Estado
Blinken assume o lugar de Mike Pompeo com experiência. O diplomata norte-americano já foi secretário de Estado adjunto entre 2015 e 2017, no governo de Obama. O tom conciliador foi o principal artifício em seu interrogatório.
Em linhas gerais, Blinken reiterou o compromisso de Biden em reconstruir o corpo diplomático do país e restaurar o papel do Congresso na política externa dos EUA. Sobre a China, o diplomata assegurou que Biden está ciente da ameaça.
“Quando olhamos para a China, não há dúvida de que ela representa o desafio mais significativo de qualquer país para os interesses dos Estados Unidos”, apontou.
Blinken também prometeu encerrar o apoio dos EUA à guerra do Iêmen, liderada pelos sauditas. O país vive a pior catástrofe humanitária do mundo desde a intervenção militar de Riad e Abu Dhabi, em 2015.
Para terminar, o diplomata afirmou que os EUA integrará a Covax, iniciativa da OMS (Organização Mundial da Saúde) para distribuição global de vacinas à Covid-19. Trump optou por não aderir à campanha ao alegar favorecimento do órgão à China.
No Pentágono, Lloyd Austin
Conhecido por ser o primeiro comandante negro do Comando Central dos Estados Unidos, Lloyd Austin defendeu o fim da guerra no Afeganistão. Ao mesmo tempo, porém, não fechou a possibilidade de uma prolongada campanha militar no país.
Quando questionado, Austin defendeu a necessidade de encerrar o conflito e, principalmente, garantir um acordo entre o governo afegão e o Taleban. “Queremos ver um Afeganistão no futuro que não represente uma ameaça para os EUA”, completou.
As forças beligerantes iniciaram as tratativas em 2020, mas a negociação não decolou e a violência segue cotidiana no país. Ao mesmo tempo, Washington já retirou boa parte das tropas do território.
Se nenhum acordo for firmado, os EUA devem postergar a retirada dos 2,5 mil soldados que permanecem no país.
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