A acúmulo de vacinas nos países ricos deve aprofundar os danos econômicos deixados pela pandemia. O alerta é de uma pesquisa publicada pelo Centro Nacional de Pesquisa Econômica, que reúne estudos de centros de ponta nos EUA.
O texto está embargado até segunda (1), adiantou o jornal “The New York Times”. Conforme os especialistas, ao monopolizar o fornecimento de vacinas contra a Covid-19, as nações desenvolvidas poderão ser tão atingidas quanto os países mais pobres.
A ameaça supera uma catástrofe humanitária, segundo os pesquisadores. A perda poderá ser superior a US$ 9 trilhões – soma maior que toda a produção anual do Japão e da Alemanha, juntos. Países como os EUA e Reino Unido absorveriam quase metade desses custos.
A Câmara do Comércio Internacional encomendou o estudo. Conforme os especialistas, todas as nações devem ter interesse na distribuição equitativa de vacinas – especialmente dos países com maior dependência do comércio.
Assim, os resultados contrapõem o senso comum de que compartilhar vacinas com os países pobres é um “ato de caridade”. “Claramente, todas as economias estão conectadas”, disse a economista Selva Demiralp, uma das autoras do estudo.
“Nenhuma economia será totalmente recuperada a menos que as outras economias também estejam”, enfatizou ela. O cenário classificado pelos pesquisadores como o “mais provável” considera que metade da população global estará imunizada até o final do ano.
Ainda assim, as perdas econômicas, sem o acúmulo total das vacinas pelas nações ricas, seriam de entre US$ 1,8 trilhão e US$ 3,8 trilhões – mais da metade desse montante concentrado em países ricos.
Covax longe da meta
Até agora, a iniciativa Covax, gerenciada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para levar a vacina aos países mais pobres, garantiu cerca de US$ 11 bilhões em recursos. A meta é alcançar US$ 38 bilhões.
“À primeira vista, pode parecer uma soma exorbitante”, disse Demiralp. “Mas é uma ninharia em comparação com os custos de permitir que a pandemia continue”.
Analistas já apontam que países como Bangladesh, Tanzânia e Peru, por exemplo, só terão uma imunidade superior a 90% da população a partir de 2024.
“Enquanto o vírus prosperar, cadeias de abastecimento globais ficarão interrompidas e o comércio internacional sofrerá as consequências”, apontou a pesquisa. Além do desastre nesses países, os líderes de nações mais ricas prejudicarão importantes fontes de recursos.
“Comprar vacinas para todos não é um ato de generosidade, mas um investimento essencial para os governos que quiserem reviver suas economias domésticas“, disse John Denton, secretário-geral da Câmara de Comércio Internacional.
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