Em 2020, a Rússia alcançou o terceiro lugar entre os países com maior número de câmeras de monitoramento em seu território. Os dados, divulgados pela Radio Free Europe no dia 19, têm como base um estudo lançado pela agência TelecomDaily.
De acordo com a análise, a Rússia já soma mais de 13 milhões de câmeras em toda sua extensão territorial. À frente estão a China, com 200 milhões, e os EUA, com 50 milhões.
Os dados sobre Moscou e São Petersburgo, no entanto, já as colocam no ranking das 30 cidades mais vigiadas do mundo. Só Moscou soma 15,4 câmeras a cada mil habitantes, enquanto São Petersburgo possui 10,1 equipamentos para a mesma população.
As cidades mais vigiadas do mundo são Chongqing e Shenzhen, na China, com cerca de 150 câmeras por mil habitantes, segundo pesquisa de 2019 da Comparitech. Em sexto lugar vem Londres, no Reino Unido, com 68,4.
Entre as dez cidades mais vigiadas do mundo, oito ficam na China.
Quem monitora
Ao menos oito milhões dos equipamentos russos pertencem a organizações comerciais, e tem como objetivo a proteção de propriedades. Outros 4,5 milhões operam em escolas, hospitais e instituições governamentais.
O restante, cerca de 1,1 milhão, pertence aos cidadãos, mostra o estudo. Mas muitos dos dados sobre esse monitoramento são pouco transparentes – a Rússia não relatou informações sobre câmeras em todas as cidades, por exemplo, o que dificulta o mapeamento total.
Segundo o Kremlin, o investimento de milhões de dólares em softwares prevê um aumento de segurança. Especialistas e organizações de direitos humanos, porém, sinalizam uma possível deterioração na privacidade dos cidadãos e perdas de direitos humanos no país.
A falta de regulamentação sobre os sistemas de vídeomonitoramento gera questionamentos sobre a privacidade na Rússia. Um exemplo ocorreu durante a pandemia: as autoridades obtiveram a autorização para monitorar possíveis “furadores” da quarentena.
Em câmeras ultrapotentes capazes de identificar tatuagens, íris, voz e movimentos corporais a 50 metros de distância, muitos “infratores” foram multados ao sair de suas casas para levar o lixo para fora ou fazer compras.
Ainda que o sistema de reconhecimento facial possa oferecer alguma segurança, grupos de direitos humanos já instam o governo russo a aprovar regulações para o uso da vigilância no país.
Em países como a Rússia e Belarus, onde a repressão contra opositores dos governos é comum, as imagens poderiam identificar manifestantes em protestos, defendem a Human Rights Watch e Anistia Internacional.
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