A esposa e a porta-voz de Alexei Navalny estão entre os mais de 3,7 mil presos nos protestos pela libertação do político em um final de semana de turbulência em diversas cidades da Rússia.
Yulia Navalnaya foi detida no sábado (23) ao participar de uma das manifestações em Moscou. “Desculpe pela má qualidade. Luz muito ruim no vagão de arroz”, escreveu ela no Instagram em referência ao transporte utilizado pela polícia russa.
Já a jornalista e porta-voz do político, Kira Yarmish, foi condenada a nove dias de prisão na sexta-feira (22), também por pedir liberdade a Navalny e criticar o presidente Vladimir Putin, confirmou o jornal norte-americano “The Washington Post“.
As autoridades ainda detiveram outros chefes de escritórios regionais do político. Este é o maior número de manifestantes presos em um dia desde 2011, de acordo com o monitor OVD-Info. Denúncias apontam espancamento de ativistas pelas forças policiais.
Navalny foi preso ao retornar à Rússia após cinco meses de recuperação na Alemanha. O opositor foi vítima de uma tentativa de envenenamento por novichok em 20 de agosto, quando retornava da Sibéria.
As manifestações aconteceram em cerca de 100 cidades do Extremo Oriente da Rússia e Sibéria até São Petesburgo. Só na capital Moscou, 40 mil pessoas se reuniram no centro da cidade. O governo estimou apenas quatro mil pessoas nos protestos.
Em Yakutsk, na Sibéria, os manifestantes enfrentaram temperaturas de 14 graus negativos, relatou a Reuters. Também há registro de interrupção da cobertura de telefonia móvel e internet no sábado. Não está claro, porém, se a falta de conexão tem relação com os protestos.
UE prepara novas sanções
O presidente do Conselho de Direitos Humanos do Kremlin, Valeri Fadeyev, assegurou que a maioria dos presos nos “protestos ilegais” de Moscou já foram libertados. Ainda assim, a repressão violenta já é tema de debate na UE (União Europeia).
O chefe da política externa do bloco, Josep Borrell, disse que vai considerar sanções contra o país em uma reunião nesta segunda-feira (25). Ministros de diversos países, como a Lituânia e o Reino Unido, já demonstraram apoio às medidas.
“A UE precisa enviar uma mensagem muito clara e assertiva de que isso não é aceitável”, disse Gabrielius Landsbergis, representante da Lituânia, em uma declaração em vídeo, ao pedir mais sanções aos russos.
O bloco já impôs sanções aos setores de energia, financeiro e armamento russo após a anexação da Crimeia em 2014. Pouco depois do envenenamento de Navalny, em agosto de 2020, autoridades próximas a Putin também sofreram sanções da UE.
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