Um ataque empreendido por extremistas islâmicos matou 41 membros de uma milícia pró-governo na última quinta-feira (23), na província de Loroum, região norte de Burkina Faso. Entre a vítimas está o líder do grupo de voluntários civis armados, que dá suporte ao exército nas ações contra jihadistas. As informações são da rede France 24.
Os combatentes civis eram membros da milícia Voluntários de Defesa da Pátria (da sigla em francês VDP), que é financiado e treinado pelo governo nacional para ajudar a enfrentar extremistas de facções ligadas à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico (EI).
A ação dos extremistas ocorreu quando os membros da VDP realizavam uma missão de reconhecimento e sofreram uma emboscada dos terroristas. Foi uma das maiores baixas que a milícia sofreu desde que se formou e uma das ações mais violentas de extremistas no país. Em meados de novembro, outra ação semelhante levou à morte de 53 pessoas, sendo 49 agentes das forças de segurança e quatro civis.
“Nesta dolorosa circunstância e como uma homenagem ao valente VDP e aos civis que caíram em defesa da pátria, o presidente de Burkina Faso decreta um período de luto nacional de 48 horas, começando no domingo”, disse o porta-voz do governo Alkassoum Maiga.
As autoridades governamentais enfrentaram protestos populares nos últimos meses, sob acusação de terem fracassado no combate à insurgência islâmica que nos últimos anos matou milhares em toda a região do Sahel africano e forçou mais de um milhão de pessoas a fugirem de suas casas.
Por que isso importa?
Burkina Faso convive desde 2015 com a violência de grupos ligados à Al-Qaeda e ao EI, insurgência que levou a um conflito com as forças de segurança e matou mais de duas mil pessoas. Grupos armados lançam ataques ao exército e a civis, desafiando também a presença de tropas francesas e internacionais.
Os ataques costumavam se concentrar no norte e no leste, mas agora estão se alastrando por todo o país. O pior ataque jihadista já registrado em Burkina Faso ocorreu em 5 de junho, quando insurgentes incendiaram casas e atiraram em civis ao invadirem a vila de Solhan, no norte. Na ocasião, 160 pessoas morreram.
Nos últimos meses, a violência retornou após um período de trégua e relativa calmaria, fruto de negociações entre o governo e organizações extremistas em razão da eleição presidencial do ano passado. Atualmente, nota-se o ressurgimento inclusive de postos de controle comandados por rebeldes, que forçam os cidadãos a se identificarem sob a ameaça de sequestro.
Desde que o conflito teve início, os ataques de ambas organizações extremistasgeraram uma crise humanitária que forçou mais de 1,5 milhão de pessoas a fugirem de suas casas. Estima-se que quase 5 milhões de pessoas sofram de insegurança alimentar, com quase 3 milhões em situação de insegurança alimentar aguda.
No Brasil
Casos mostram que o Brasil é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.
Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.
Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram.
Mais recentemente, em dezembro de 2021, três cidadãos estrangeiros que vivem no Brasil foram adicionados à lista de sanções do Tesouro Norte-americano. Eles são acusados de contribuir para o financiamento da Al-Qaeda, tendo inclusive mantido contato com figuras importantes do grupo terrorista. Saiba mais.
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