Mais uma importante marca ocidental deixou de servir ao consumidor russo, aderindo assim às sanções ocidentais decorrentes da agressão da Rússia à Ucrânia. Na segunda-feira (24), a rede norte-americana de lanchonetes KFC anunciou que vendeu seus ativos a dois empresários locais.
A Yum Brands, que é dona da marca, fez com o KFC o mesmo que já havia feito com a Pizza Hut, que igualmente deixou o mercado russo. Assim, as operações passarão por um processo de mudança de marca a ser coordenado pelos novos donos.
“O comprador será responsável por renomear os locais”, disse a empresa em comunicado. “Além disso, o comprador será responsável por manter os funcionários da empresa na Rússia. A conclusão da transação está sujeita a aprovações regulatórias e governamentais, bem como a outras condições acordadas pelas partes”.
De acordo com o jornal econômico russo Kommersant, o KFC possui mais de mil lojas na Rússia, sendo que a enorme maioria opera no sistema de franquias. Algumas poucas, cerca de 70, são geridas pela própria empresa.
Os compradores da marca são dois empresários locais que já operavam algumas lojas franqueadas. Eles decidiram rebatizar a rede como Rostic’s e anunciaram que os franqueados que quiserem serão mantidos no negócio, mas terão que pagar um aluguel mais alto que o atual.
Por que isso importa?
Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro, mais de mil empresas ocidentais deixaram de operar em território russo, seja de maneira temporária ou definitiva, parcial ou integral. São companhias que querem evitar o risco de desobedecer as sanções ocidentais, ou mesmo a reação negativa da opinião pública caso continuem a lucrar no mercado russo. O levantamento foi feito pela Universidade de Yale, nos EUA.
A debandada tem prejudicado o consumidor local, privado de produtos de setores diversos, como entretenimento, tecnologia, automobilístico, vestuário e geração de energia.
No setor de alimentação, o McDonald’s vendeu seu negócio no país a um empresário russo. Ao fim do ano passado, a rede tinha 847 lojas no país. Diferente do que ocorre no resto do mundo, onde habitualmente atua no sistema de franquias, 84% das lojas russas eram operadas pela própria companhia. Somado ao faturamento na Ucrânia, a operação respondia por 9% da receita global da empresa.
Duas importantes cervejarias da Europa, a holandesa Heineken e a dinamarquesa Carlsberg, também anunciaram que venderiam seus negócios e deixariam de atuar na Rússia. Os planos da empresa da Holanda incluem manter o pagamento de seus funcionários até o final do ano, período no qual buscará um comprador, bem como vender o negócio sem margem de lucro. Já a companhia da Dinamarca diz que seguirá em funcionamento, mas com uma operação em pequena escala, até ser vendida.
Uma decisão que já causou problemas foi o fim dos serviços das companhias de cartões de crédito Mastercard e Visa. O maior banco estatal da Rússia, o Sberbank, disse que o impacto na rotina doméstica dos cidadãos seria pequeno e assegurou que ainda é possível “sacar dinheiro, fazer transferências usando o número do cartão e pagar em lojas russas offline e online”, de acordo com a rede britânica BBC.
A tendência é a de que os consumidores russos possam usar os cartões normalmente até que percam a validade e, depois disso, não recebam novos plásticos. Entretanto, os cartões emitidos na Rússia já deixaram de ser aceitos no exterior. Isso atrapalhou, por exemplo, turistas que ficaram impedidos de deixar a Tailândia, por problemas com voos cancelados e cartões bloqueados.
No setor de vestuário, quem anunciou estar deixando o mercado russo é a Levi’s, sob o argumento de que quaisquer considerações comerciais “são claramente secundárias em relação ao sofrimento humano experimentado por tantos”. Nike e Adidas também suspenderam todas as operações no mercado russo. A sueca Ikea, gigante do setor de móveis, é outra que decidiu deixar a Rússia em função da guerra.
Nas áreas de entretenimento e tecnologia, alguns gigantes também optaram por suspender as vendas de produtos e serviços no país de Vladimir Putin. A Netflix interrompeu seus serviços e cancelou todos os projetos e aquisições na Rússia, enquanto Warner, Disney e Sony adiaram os lançamentos de suas novas produções no país. Já a Apple excluiu os aplicativos das empresas estatais russas de mídia RT e Sputnik e disse que não mais venderá seus produtos, como iPhones e iPads, em território russo. Panasonic, Microsoft, Nokia, Ericsson e Samsung são outras que optaram por encerrar as operações no país.
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