Um importante ativista político de Belarus foi condenado a 25 anos de prisão na segunda-feira (17). Mikalay Autukhovich é a mais recente vítima da repressão imposta aos opositores do regime do presidente Alexander Lukashenko. As informações são da rede Radio Free Europe.
Junto com Autukhovich, condenado por “planejar ataque terrorista, alta traição e conspiração para tomar o poder”, outros 11 ativistas locais receberam penas que vão de dois até 20 anos. As categorias de acusações contra o dissidente foram adicionadas ao código penal do país pelo autoritário líder em consequência dos maciços protestos populares e desconfiança crescente após a reeleição de 2020, marcada por fortes indícios de fraude.
Autukhovich, de 59 anos, é um ex-oficial militar e veterano da guerra afegã-soviética, travada no Afeganistão entre 1979 e 1989. Em Belarus, ele ajudou os opositores do atual regime a arrecadar fundos para seus esforços contra Lukashenko, que governa o país desde 1994.
A investigação apontou que Autukhovich e seus companheiros incendiaram viaturas policiais e planejaram outros ataques, acusações que ele nega e alega terem “motivação política”. O grupo também é acusado de “ações ilegais em relação a armas de fogo e munições”, “incitação à inimizade” e “ações prejudiciais à segurança nacional de Belarus”.
As prisões ocorrem poucos dias após o ativista belarusso preso Ales Bialiatski ter recebido o Prêmio Nobel da Paz deste ano pelo seu “trabalho destemido em promover os direitos humanos no país” à frente do grupo de direitos humanos Viasna, como definiu o Comitê do Nobel.
Por que isso importa?
Belarus testemunha uma crise de direitos humanos sem precedentes, com fortes indícios de desaparecimentos, tortura e maus-tratos como forma de intimidação e assédio contra seus cidadãos. Dezenas de milhares de opositores ao regime de Lukashenko, no poder desde 1994, foram presos ou forçados ao exílio desde as controversas eleições no ano passado.
O presidente, chamado de “último ditador da Europa”, parece não se incomodar com a imagem autoritária, mesmo em meio a protestos populares e desconfiança crescente após a reeleição de 2020, marcada por fortes indícios de fraude. A porta-voz do presidente, Natalya Eismont, chegou a afirmar em 2019, na televisão estatal, que a “ditadura é a marca” do governo de Belarus.
Desde que os protestos começaram, após o controverso pleito, as autoridades do país têm sufocado ONGs e a mídia independente, parte de uma repressão brutal contra cidadãos que contestam os resultados oficiais da votação. Ativistas de direitos humanos dizem que mais de 800 pessoas são atualmente prisioneiros políticos no país.
O desgaste com o atual governo, que já se prolonga há anos, acentuou-se em 2020 devido à forma como ele lidou com a pandemia, que chegou a chamar de “psicose”. Em determinado momento, o presidente recomendou “vodka e sauna” para tratar a doença.
O distanciamento entre o país e o Ocidente aumentou com a guerra na Ucrânia, vez que Belarus é aliado da Rússia e permitiu que tropas de Moscou usassem o território belarusso para realizar a invasão.
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