A Organização Internacional para as Migrações (OIM) registrou 5.684 mortes em rotas de migração na Europa desde o início de 2021. O número vem crescendo especialmente na rota do Mediterrâneo Central, onde houve 2.836 mortes e desaparecimentos neste período. O aumento foi de cerca de 25% em comparação a 2019 e 2020.
A autora do novo relatório da OIM sobre dados do Projeto de Migrantes Desaparecidos na Europa, Julia Black, disse que foram registradas mais de 29 mil mortes durante viagens de migração para a Europa desde 2014. Segundo ela, “caminhos seguros para a migração são desesperadamente necessários”.
Na rota África Ocidental-Atlântica para as Ilhas Canárias espanholas, 1.532 mortes foram documentadas no período do relatório, um número superior a qualquer período de dois anos desde que a OIM começou a documentar mortes em 2014.
Nas duas rotas marítimas mencionadas, as mais longas e perigosas, os dados de 2022 podem estar incompletos, devido aos “naufrágios invisíveis” muito frequentes, casos em que barcos inteiros são perdidos no mar sem qualquer busca e salvamento em andamento.
Desde 2021, houve um aumento no número de mortos em muitas outras rotas europeias em comparação com anos anteriores. Principalmente na fronteira terrestre da Turquia com a Grécia, com 126 mortes, na rota dos Balcãs Ocidentais, com 69, na travessia do Canal da Mancha, 53, nas fronteiras Belarus–União Europeia (UE), 23, mais 17 mortes documentadas de ucranianos fugindo do recente conflito.
Além de uma falha estrutural em fornecer caminhos seguros adequados, os registros do Projeto Missing Migrants mostram que muitas das mortes em rotas migratórias para países de destino na Europa poderiam ter sido evitadas por assistência imediata e eficaz aos migrantes em perigo.
Relatos de sobreviventes retransmitidos à OIM indicam que pelo menos 252 pessoas morreram durante expulsões forçadas por autoridades europeias desde 2021.
As mortes foram documentadas no Mediterrâneo Central, Oriental e Ocidental, na fronteira terrestre turco-grega e na fronteira de Belarus com a Polônia. Esses casos são quase impossíveis de verificar na íntegra devido à “falta de transparência, falta de acesso e a natureza altamente politizada dos acontecimentos”. A OIM informa que esses números provavelmente são uma subestimação do número real de mortes.
Dados do projeto Missing Migrants também indicam que as taxas de identificação daqueles que morrem em rotas migratórias para e dentro da Europa são mais baixas do que em outras regiões do mundo. Por exemplo, no Mediterrâneo Central, foram estabelecidas as nacionalidades de apenas 7% das pessoas que morreram na costa da Europa em 2021, o que significa que as identidades restantes provavelmente permanecem desconhecidas.
No total, mais de 17 mil pessoas que perderam a vida em rotas para e dentro da Europa entre 2014 e 2021 estão listadas sem qualquer informação sobre o país de origem. Este detalhe de identificação é essencial por lançar luz sobre a perda não resolvida de inúmeras famílias em busca de parentes desaparecidos perdidos em viagens de migração para a Europa.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News
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