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sábado, 22 de outubro de 2022

Morte de menina de 14 anos em quarentena na China intensifica críticas à ‘Zero Covid’

A morte de uma jovem de 14 anos em um centro de isolamento contra o e coronavírus na China reforçou a insatisfação da população com a rígida política de “Zero Covid“, cada vez mais impopular no país. A família da vítima alega negligência médica e exige justiça. As informações são da rede BBC.

Vídeos compartilhados em redes sociais mostraram a adolescente, Guo Jingjing, tremendo e sofrendo convulsões em uma cama na unidade de isolamento na cidade de Ruzhou no domingo (16). Ela e a avó haviam sido enviadas ao local dois dias antes pelo fato de serem “contatos próximos” de alguém que testou positivo para Covid-19.

“Os profissionais de saúde do centro não cuidaram dela, ninguém sequer perguntou”, disse o pai da jovem, Guo Lele, em publicação no TikTok. Censores removeram o vídeo.

Zona de quarentena no metrô de Beijing (Foto: Twitter/Reprodução)

A gravação de Guo e outro vídeo enviado pela tia da jovem clamando por justiça têm sido eliminadas das redes pela censura estatal nos últimos dias.

“Estou solicitando que o Comitê Central do Partido Comunista Chinês (PCC) e a Comissão de Inspeção Disciplinar desçam para investigar a negligência do governo de Ruzhou e devolvam a vida da minha filha”, disse o pai em um vídeo em que aparece ao lado do corpo dela.

A adolescente, que viu sua condição se deteriorar rapidamente, foi levada para um hospital local na noite de segunda-feira (17). O óbito veio na manhã seguinte, sendo a causa edema pulmonar e encefalite causados ​​pela febre alta, detalhou Guo.

A morte de Jingjing e as circunstâncias tidas como evitáveis geraram uma onda de protestos na internet, com críticas endereçadas principalmente às políticas de enfrentamento ao vírus do presidente Xi Jinping.

“Estou com tanta raiva. Por que eles não deram remédios?”, um usuário escreveu. Outro disse: “É sempre assim. Nada vai mudar”.

A mídia chinesa não deu atenção ao caso. Muito acreditam que isso tem relação com um “apagão da imprensa” por conta do 20º Congresso Nacional do PCC, iniciado no domingo passado (16).

Nem as autoridades da cidade de Ruzhou nem lideranças do PCC se manifestaram oficialmente sobre o caso. À BBC, o partido único respondeu a um pedido de comentário com a mensagem “por favor, aguarde um anúncio oficial”.

Por que isso importa?

Em maio, Tedros Ghebreyesus, chefe da OMS (Organização Mundial de Saúde), que contestou a política “Zero Covid” de Beijing. Declarações dadas por ele foram excluídas de ao menos dois canais, o serviço de microblogs Weibo e o aplicativo de mensagens WeChat.

A autoridade de saúde não aprova a radical política chinesa de trancar a população em casa, uma iniciativa que começou em Xangai, durou seis semanas e se repetiu em outras cidades do país em meio à rápida disseminação da variante Ômicron.

“Quando falamos sobre a estratégia ‘Zero Covid’, não achamos que seja sustentável, considerando o comportamento do vírus agora e o que prevemos no futuro”, disse o chefe da OMS. “Discutimos esta questão com especialistas chineses e indicamos que a abordagem não será sustentável. Acho que uma mudança será muito importante”.

Em abril, a ONG Human Rights Watch (HRW) alertou para os danos que o confinamento vem causando a seus cidadãos, particularmente em Xangai. “As autoridades de Xangai impuseram medidas draconianas de bloqueio desde março de 2022, que impediram significativamente o acesso das pessoas a cuidados de saúde, alimentos e outras necessidades vitais”, disse a entidade na ocasião.

No caso específico de Xangai, há relatos de pessoas que morreram porque não foram autorizadas a sair de casa sequer para realizar tratamento médico de doenças crônicas que enfrentavam. E de crianças que foram separadas de seus pais porque um ou mais integrantes da família testaram positivo para Covid-19. Muitos cidadãos teriam ficado sem comida em casa, devido à longa duração do bloqueio, que os pegou desprevenidos.

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