O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, disse que ataques em larga escala realizados por militares da Rússia na capital da Ucrânia, Kiev, e em outros locais na segunda-feira (10) são profundamente chocantes e representaram “outra escalada inaceitável” da guerra.
Os ataques, que segundo o governo ucraniano causaram danos generalizados a áreas civis e levaram a dezenas de mortos e feridos, mostraram que “como sempre”, os civis pagam o preço mais alto pela invasão da Rússia de 24 de fevereiro, acrescentou o comunicado divulgado pelo porta-voz da ONU.
Falando no início do dia em Genebra, o chefe da Acnur, a agência de refugiados da ONU, Filippo Grandi, informou que Kiev, Dnipro, Lviv, Zaporizhzhya, Chernihiv e Odesa estão entre as localidades atingidas no último aumento da violência, que ele descreveu como “ataques horríveis”. Este foi “mais um dia de angústia” para o povo ucraniano, disse ele.
Grandi também observou que a situação em todo o país devastado pela guerra continua profundamente preocupante. “Pelo menos 6,2 milhões de pessoas estão deslocadas internamente e muitas mais precisam de apoio humanitário”, disse ele na reunião anual do Comitê Executivo do Acnur.
Com o inverno se aproximando rapidamente e “milhões de ucranianos, especialmente idosos e deficientes, contando com todos nós”, o chefe da agência de refugiados da ONU alertou que há limites para o que os humanitários podem fazer.
“Devemos ser realistas em nossas expectativas”, disse ele. “Isso requer uma abordagem ‘todos os braços no convés’, e apelo àqueles com experiência e recursos para redobrar os esforços em apoio aos planos de inverno do governo”.
Fuga em massa
Fora da Ucrânia, o chefe da Acnur observou que as pessoas continuam fugindo de suas casas por causa da guerra, cruzando a fronteira para os países vizinhos.
A União Europeia (UE) mereceu elogios por emitir autorizações de proteção temporárias para permitir que “milhões de ucranianos encontrem segurança imediatamente e vão para onde têm redes de apoio, sem pressionar os sistemas de asilo”, sustentou.
De uma só vez, essa única decisão política da UE “desmascarou tantos mitos” sobre os supostos perigos de abrir as fronteiras dos países para pessoas que precisam de proteção internacional, insistiu Grandi.
“Wir schaffen das (Nós podemos fazer isso)”, disse ele, reprisando a frase que ficou famosa por Angela Merkel em 2015, quando a ex-chanceler alemã decidiu abrir as fronteiras do país para centenas de milhares de refugiados sírios.
Destacando as ramificações globais da invasão da Ucrânia pela Rússia, Grandi observou que, pela primeira vez em seu mandato, isso também estava tendo um impacto negativo nas doações para o trabalho vital da Acnur.
“Se não recebermos pelo menos US$ 700 milhões adicionais especialmente para nossas operações mais subfinanciadas até o final deste ano, seremos forçados a fazer cortes severos com consequências negativas e dramáticas para refugiados e comunidades anfitriãs”, alertou.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News
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