Alexei Navalny, principal opositor do presidente Vladimir Putin na Rússia, anunciou na quinta-feira (20) que se tornou alvo de novas acusações da Justiça de seu país. Ele atualmente cumpre pena de 11 anos de prisão em uma colônia penal próxima a Moscou, e os novos crimes imputados a ele podem ampliar a detenção para até 30 anos.
Como já se tornou habitual, Navalny se manifestou através do Twitter, cuja conta dele é atualizada por aliados. De acordo com a postagem, as novas acusações incluem os crimes de promover o terrorismo, apelar publicamente ao extremismo, financiar atividades extremistas e reabilitar o nazismo. Elas estariam relacionadas a vídeos publicados pela equipe de Navalny no YouTube.
“Meus advogados calcularam que, levando em conta as punições previstas em cada um desses artigos, minha sentença cumulativa deve ser de cerca de 30 anos. O que posso dizer?”, postou o oposicionista.
8/8 My attorneys calculated that, taking into account the punishments under each of these articles, my cumulative sentence must be about 30 years.
— Alexey Navalny (@navalny) October 20, 2022
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Navany foi irônico ao citar o fato de ter sido acusado de novos crimes mesmo preso e com pouco acesso inclusive aos advogados. “Eu sou um gênio do submundo. O professor Moriarty não é páreo para mim. Todos vocês pensaram que eu estava isolado na prisão por dois anos, mas acontece que eu estava cometendo crimes ativamente”, ironizou ele, citando o vilão das histórias do detetive Sherlock Holmes.
De volta à ativa
No início do mês, a equipe do oposicionista havia anunciado que voltará a operar na Rússia, mesmo tenso sido classificada como “extremista” e sendo, consequentemente, banida. Muitos associados de Navalny fugiram do país nos últimos meses, mas dizem que optaram por retomar a atuação porque o regime de Putin está, nas palavras deles, “enfraquecido“.
Leonid Volkov e Ivan Zhdanov, dois dos principais aliados de Navalny e que hoje vivem exilados, disseram em um vídeo no YouTube que pretendem atuar como um “grupo guerrilheiro clandestino” para driblar a perseguição estatal.
Por que isso importa?
Navalny ganhou destaque ao organizar manifestações e concorrer a cargos públicos na Rússia. A rede dele chegou a ter 50 sedes regionais em toda a Rússia e, entre outras ações, denunciava casos de corrupção envolvendo o governo Putin e figuras importantes ligadas a ele. Isso levou o Kremlin a agir judicialmente para proibir a atuação do rival, que também passou a ser perseguido.
Em agosto de 2020, durante viagem à Sibéria, Navalny foi envenenado e passou meses se recuperando em Berlim. Ele voltou a Moscou em 17 de janeiro de 2021 e foi detido no aeroporto. Um mês depois, foi julgado e condenado a dois anos e meio de prisão por violar uma sentença suspensa de 2014, sob acusação de fraude. Promotores alegaram que ele não se apresentou regularmente à polícia em 2020, justamente quando estava em coma pela dose tóxica.
Encarcerado em uma colônia penal de alta segurança, ele chegou a fazer uma greve de fome de 23 dias em abril de 2021, para protestar contra a falta de atendimento médico. Depois, em junho, um tribunal russo proibiu os escritórios regionais de Navalny e a FBK de funcionarem, classificando-os como “extremistas”.
Em janeiro deste ano, ele foi incluído na lista de “terroristas e extremistas” do Serviço Federal de Monitoramento Financeiro da Rússia. No dia 22 de março, foi julgado por peculato e desacato. Condenado, teve o tempo de detenção ampliado em nove anos. Nos últimos meses, ele relatou que seguidas vezes foi enviado ao confinamento solitário na cadeira.
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