A debandada de marcas do território russo após a invasão à Ucrânia continua. Na terça-feira (11), a fabricante japonesa Nissan Motor entregou seus negócios na Rússia a uma estatal pelo valor simbólico de um rublo (R$ 0,085), enquanto nesta sexta (14) a empresa francesa de alimentos Danone anunciou a retirada de suas comercializações de laticínios no país. As informações são da agência Reuters.
Os japoneses transferiram suas ações da Nissan Manufacturing Russia para o NAMI (Instituto Central de Pesquisa e Desenvolvimento Automobilístico e de Motores), mesma estatal que comprou em maio toda a participação da Renault Russia na AvtoVAZ – montadora que hoje controla a Lada, um símbolo da indústria automotiva local.
Segundo o Ministério da Indústria e Comércio russo, o acordo dará à Nissan o direito de recomprar o negócio dentro de seis anos. O centro de vendas e marketing da empresa, localizado em Moscou, também fica com o Kremlin. O prejuízo estimado da multinacional com sede em Yokohama é de cerca de US$ 687 milhões.
De acordo com o jornal japonês Nikkei, a Mitsubishi Motors também está considerando sair da Rússia. Um porta-voz da empresa disse que “nada foi decidido”.
Já o conglomerado alimentício francês anunciou que manterá no país apenas seu ramo de nutrição infantil. Em comunicado divulgado no site da empresa, a Danone informou que irá transferir o controle de seus negócios essenciais de laticínios e vegetais, segundo a rede Radio Free Europe. A decisão pode causar um prejuízo na casa de 1 bilhão de euros para a empresa, que emprega 8 mil pessoas na Rússia.
“Esta é a melhor opção para garantir a continuidade dos negócios locais no longo prazo”, disse a Danone em nota, acrescentando que a unidade russa respondeu por cerca de 5% das vendas líquidas do grupo de janeiro a setembro.
Por que isso importa?
Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro, mais de mil empresas ocidentais deixaram de operar em território russo, seja de maneira temporária ou definitiva, parcial ou integral. São companhias que querem evitar o risco de desobedecer as sanções ocidentais, ou mesmo a reação negativa da opinião pública caso continuem a lucrar no mercado russo. O levantamento foi feito pela Universidade de Yale, nos EUA.
A debandada tem prejudicado o consumidor local, privado de produtos de setores diversos, como entretenimento, tecnologia, automobilístico, vestuário e geração de energia.
No setor de alimentação, o McDonald’s recentemente vendeu seu negócio no país a um empresário russo. Ao fim do ano passado, a rede tinha 847 lojas no país. Diferente do que ocorre no resto do mundo, onde habitualmente atua no sistema de franquias, 84% das lojas russas eram operadas pela própria companhia. Somado ao faturamento na Ucrânia, a operação respondia por 9% da receita global da empresa.
Duas importantes cervejarias da Europa, a holandesa Heineken e a dinamarquesa Carlsberg, também anunciaram que venderiam seus negócios e deixariam de atuar na Rússia. Os planos da empresa da Holanda incluem manter o pagamento de seus funcionários até o final do ano, período no qual buscará um comprador, bem como vender o negócio sem margem de lucro. Já a companhia da Dinamarca diz que seguirá em funcionamento, mas com uma operação em pequena escala, até ser vendida.
Uma decisão que já causou problemas foi o fim dos serviços das companhias de cartões de crédito Mastercard e Visa. O maior banco estatal da Rússia, o Sberbank, disse que o impacto na rotina doméstica dos cidadãos seria pequeno e assegurou que ainda é possível “sacar dinheiro, fazer transferências usando o número do cartão e pagar em lojas russas offline e online”, de acordo com a rede britânica BBC.
A tendência é a de que os consumidores russos possam usar os cartões normalmente até que percam a validade e, depois disso, não recebam novos plásticos. Entretanto, os cartões emitidos na Rússia já deixaram de ser aceitos no exterior. Isso atrapalhou, por exemplo, turistas que ficaram impedidos de deixar a Tailândia, por problemas com voos cancelados e cartões bloqueados.
No setor de vestuário, quem anunciou estar deixando o mercado russo é a Levi’s, sob o argumento de que quaisquer considerações comerciais “são claramente secundárias em relação ao sofrimento humano experimentado por tantos”. Nike e Adidas também suspenderam todas as operações no mercado russo. A sueca Ikea, gigante do setor de móveis, é outra que decidiu deixar a Rússia em função da guerra.
Nas áreas de entretenimento e tecnologia, alguns gigantes também optaram por suspender as vendas de produtos e serviços no país de Vladimir Putin. A Netflix interrompeu seus serviços e cancelou todos os projetos e aquisições na Rússia, enquanto Warner, Disney e Sony adiaram os lançamentos de suas novas produções no país. Já a Apple excluiu os aplicativos das empresas estatais russas de mídia RT e Sputnik e disse que não mais venderá seus produtos, como iPhones e iPads, em território russo. Panasonic, Microsoft, Nokia, Ericsson e Samsung são outras que optaram por encerrar as operações no país.
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