A infraestrutura essencial da Ucrânia, incluindo usinas elétricas e térmicas e centrais de água e esgoto, tem sido alvo de bombardeios russos desde o início da guerra, no dia 24 de fevereiro. Porém, ataques do gênero se intensificaram consideravelmente neste mês, colocando em risco o fornecimento de energia, água potável e aquecimento. Com a proximidade do inverno, esta pode se tornar uma questão de vida ou morte para os civis ucranianos.
Na terça-feira, o presidente Volodymyr Zelensky afirmou que 30% das usinas elétricas da Ucrânia foram destruídas pelos ataques intensificados pela Rússia desde 10 outubro, sob o argumento de responder aos danos causados por um suposto ataque ucraniano à ponte que liga a Crimeia à Rússia. O resultado é uma série de apagões no país e a necessidade de racionamento sobretudo de água e energia elétrica.
Oleksii Chernyshov, Ministro do Desenvolvimento das Comunidades e Territórios, diz que 408 instalações de infraestrutura essencial foram destruídas nesse período, entre elas 45 centros de geração e fornecimento de energia elétrica. Usinas térmicas, que geram vapor para o aquecimento residencial, também estão entre os alvos preferenciais de Moscou, de acordo com o jornal The New York Times.
Hans Henri P. Klug, diretor regional da OMS (Organização Mundial de Saúde) para a Europa, alerta para os riscos da falta de aquecimento no inverno que se aproxima. “Isso pode levar a congelamento, hipotermia, pneumonia, acidente vascular cerebral e ataque cardíaco”, disse ele, afirmando se tratar de “uma questão de vida ou morte”
Kiev alega que 800 mil residências foram danificadas ou destruídas desde o início da guerra. “Milhares de pessoas vivem agora em abrigos coletivos ou edifícios danificados, sem a proteção necessária contra o frio rigoroso”, afirma Klug.
Os problemas têm sido registrados tanto em Kiev quanto em outras cidades. Na capital, as autoridades locais vêm alertando a população para não beber água da torneira, vez que o serviço de tratamento foi danificado por ataques russos. Apagões diários têm sido registrados na cidade de Chernihiv, no norte do país. Já em Zhytomyr, região central da Ucrânia, os bondes deixaram de operar para economizar energia.
Drones iranianos
O aumento dos bombardeios russos ocorre em meio a uma série de derrotas de suas tropas, sobretudo na cidade de Kherson e no sul da Ucrânia. E, diante da falta de armamento das tropas de Moscou, a ofensiva só tem sido possível graças a drones fornecidos pelo governo do Irã, o que gerou protestos de países ocidentais e ameaças de mais sanções à nação asiática.
Nos últimos dias, EUA, França e Reino Unido afirmaram que o fornecimento de drones pelo Irã viola a Resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), de acordo com a rede britânica BBC.
“Acreditamos que esses UAVs (veículos aéreos não tripulados, da sigla em inglês) transferidos do Irã para a Rússia e usados pela Rússia na Ucrânia estão entre as armas que permaneceriam embargadas sob a resolução 2231”, disse Vedant Patel, do Departamento de Estado norte-americano. “Os EUA não hesitarão em usar sanções”, acrescentou.
Graças a esse novo arsenal, a tendência é a de que a Rússia mantenha os bombardeios. Hanno Pevkur, ministro da Defesa da Estônia, destaca também o fato de que o general russo no comando do esforço de guerra é Sergei Surovikin, que tem a reputação de ser um militar cruel e impiedoso.
“Para ele, a vida civil não é basicamente nada”, disse Pevkur após se reunir com o secretário de Defesa dos EUA Lloyd Austin, em Washington. “Ele está pronto para continuar esse tipo de ação contra civis. E o objetivo é claro. O objetivo é colocar o povo ucraniano sob constante terror e constante ameaça”.
Crimes de guerra
A nova onda de ataques gerou uma manifestação de repúdio da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nesta terça (19). “Ontem vimos novamente os ataques direcionados da Rússia contra a infraestrutura civil. Isso está marcando outro capítulo em uma guerra já muito cruel”, disse ela, segundo a rede Radio Free Europe (RFE). “A ordem internacional é muito clara. Esses são crimes de guerra”.
Segundo von der Leyen, ataques “com o objetivo claro de privar homens, mulheres, crianças [de] água, eletricidade e aquecimento com a chegada do inverno são atos de puro terror”. Ela ainda reforçou o apoio da União Europeia (UE) à Ucrânia “pelo tempo que for necessário”.
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