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sexta-feira, 4 de março de 2022

Sobrevivente do cerco nazista na Segunda Guerra é presa por protestar na Rússia

Uma aposentada russa de 76 anos que ergueu seu cartaz junto a outros milhares de manifestantes na quarta-feira (2), em Moscou, contra a guerra na Ucrânia, acabou presa. Yelena Osipova, que sobreviveu ao cerco nazista de Leningrado (atual São Petersburgo), protestava pacificamente quando foi levada pela polícia, engrossando a relação de mais de 7,6 mil pessoas detidas pelo regime de Vladimir Putin por se manifestarem no país contra o conflito. As informações são do Huffington Post.

Yelena é uma das últimas sobreviventes da invasão nazista na Rússia iniciada em junho de 1941 e que, durante os 872 dias de duração, levou à morte de um milhão de pessoas na cidade soviética em meio à Segunda Guerra Mundial.

Momento em que Yelena é levada por policiais russos (Foto: reprodução Twitter)

No momento em que foi detida, Osipova trazia nas mãos uma placa que dizia em russo: “Soldado, largue sua arma e você será um verdadeiro herói!”. Um vídeo que mostra o momento em que ela é levada pela polícia viralizou nas redes sociais, chocando o mundo sobre a forma como o Kremlin está conduzindo a repressão aos protestos que pedem o fim do conflito.

Crianças também foram levadas sob custódia. Com idade entre 7 e 11 anos, elas seguravam um cartaz com a mensagem “Não à guerra” e outro com as bandeiras da Rússia e da Ucrânia junto com um coração. Também pretendiam jogar flores em frente à Embaixada da Ucrânia.

De acordo com a antropóloga Alexandra Arkhipova, os detidos foram libertados horas depois. Em um post no Facebook, ela relatou que a polícia chegou a ameaçar tirar a custódia das crianças de suas mães.

No Twitter, o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba, acusou Putin de estar “em guerra com as crianças da Ucrânia, onde seus mísseis atingiram jardins de infância e orfanatos”.

Protestos pelo mundo

A guerra entre Moscou e Kiev foi sentida em todo o mundo, gerando uma onda global de protestos em favor da paz. Segundo o site Impakter, até agora, 43 países organizaram algum tipo de protesto contra a incursão russa à Ucrânia, classificada por Putin como uma “missão de manutenção de paz”.

O portal citou o grupo de direitos humanos russo OVD-Info, que monitora a perseguição política no país, que diz que até agora 6.844 pessoas foram detidas por ações anti-guerra na Rússia desde o dia 24 de fevereiro. Além disso, o uso do termo “guerra” não é permitido pelo Kremlin.

O Impakter também chamou a atenção para grandes atos ao redor do planeta. Um dos maiores protestos até agora ocorreu em Berlim, na Alemanha, no último domingo (27), quando 100 mil pessoas saíram às ruas em apoio à Ucrânia.

Também foram relatados os manifestos em diversas cidades dos EUA no último fim de semana, em especial o ocorrido na capital Washington, em frente à Casa Branca, no domingo. Também houve grande mobilização na França, com milhares de pessoas na ruas de Paris, e no Reino Unido, com uma multidão espalhada por comícios, particularmente o realizado em frente à embaixada russa em Londres.

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