A guerra na Ucrânia entra em sua terceira semana nesta quinta-feira (10), e as acusações de crimes de guerra contra a Rússia aumentam a cada dia. As mais recentes incluem o bombardeio de uma maternidade na cidade de Mariupol e a possibilidade de as forças armadas russas utilizarem armas químicas ou biológicas no conflito, que teve início em 24 de fevereiro com a invasão russa ao país vizinho.
O ataque contra a maternidade aconteceu na quarta-feira (9), na cidade portuária de Mairupol. Três pessoas foram mortas no bombardeio, entre elas uma criança. De acordo com autoridades ucranianas, outras 17 pessoas ficaram feridas, inclusive mulheres grávidas e membros da equipe do hospital.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) alega que, desde o início da guerra, foram registrados 18 ataques contra instalações médicas na Ucrânia, segundo a agência Associated Press. No total, dez pessoas teriam morridos nessas ações.
“Hoje a Rússia cometeu um crime enorme”, disse Volodymyr Nikulin, um alto oficial da polícia regional de Mariupol. “É um crime de guerra sem qualquer justificativa”.
O presidente Volodymyr Zelensky, num comunicado noturno em vídeo, também condenou o ataque russo. “Um hospital infantil. Uma maternidade. Como eles ameaçaram a Federação Russa?”, disse o líder ucraniano. “Que país é esse, a Federação Russa, que tem medo de hospitais, medo de maternidades e os destrói?”, questionou.
O primeiro-ministro britânico Boris Johnson foi outro que usou as redes sociais, no caso o Twitter, para criticar Moscou. “Há poucas coisas mais depravadas do que atacar os vulneráveis e indefesos. O Reino Unido está explorando mais apoio à Ucrânia para se defender contra ataques aéreos e vamos responsabilizar Putin por seus crimes terríveis”.
There are few things more depraved than targeting the vulnerable and defenceless.
— Boris Johnson (@BorisJohnson) March 9, 2022
The UK is exploring more support for Ukraine to defend against airstrikes and we will hold Putin to account for his terrible crimes. #PutinMustFail https://t.co/JBuvB78HVC
Na cidade de Zhytomyr, a oeste de Kiev, outros dois hospitais teriam sido atingidos parcialmente em bombardeios russos. Um deles, um hospital para crianças. O prefeito Sergei Sukhomlyn usou sua conta no Facebook para relatar os ataques e afirmou que ninguém se feriu.
Armas químicas
Nesta semana, a porta-voz do ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, acusou a Ucrânia de desenvolver, com o apoio dos EUA, armas químicas e biológicas. Washington classificou a acusação como “absurda” e disse que pode se tratar de uma estratégia de Moscou para justificar o uso desse tipo de armamento por suas próprias forças, segundo a rede Voice of America (VOA).
Jen Psaki, porta-voz da Casa Branca, usou sua conta no Twitter para acusar Moscou. “É a Rússia que tem um histórico longo e bem documentado de uso de armas químicas, inclusive em tentativas de assassinato e envenenamento de inimigos políticos de Putin, como Alexey Navalny“, afirmou ela. “Tudo isso é um estratagema óbvio da Rússia para tentar justificar seu ataque premeditado, não provocado e injustificado à Ucrânia”.
It’s Russia that has a long and well-documented track record of using chemical weapons, including in attempted assassinations and poisoning of Putin’s political enemies like Alexey Navalny.
— Jen Psaki (@PressSec) March 9, 2022
Questionado por um jornalista russo sobre as acusações contra a Ucrânia e os EUA, o porta-voz da ONU (Organização das Nações Unidas), Stephane Dujarric, também comentou a questão. “Neste momento, não temos informações para confirmar esses relatórios ou essas alegações sobre esses tipos de laboratórios”, disse ele.
Dujarric reforçou a negativa. “Nossos colegas da Organização Mundial da Saúde (OMS), que têm trabalhado com o governo ucraniano, disseram que desconhecem qualquer atividade por parte do governo ucraniano que seja inconsistente com suas obrigações de tratados internacionais, incluindo armas químicas ou biológicas”.
Por que isso importa?
A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão russa ao país vizinho no dia 24 de fevereiro, remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e se estende até hoje.
O conflito armado no leste da Ucrânia opõe o governo central às forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e foram oficialmente reconhecidas como territórios independentes por Moscou. Foi o suporte aos separatistas que Putin usou como argumento para justificar a invasão, classificada por ele como uma “operação militar especial”.
“Tomei a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de Moscou (0h de Brasília) de 24 de fevereiro, de acordo com o site independente The Moscow Times. Cerca de 30 minutos depois, as primeira explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em Mariupol, no leste do país, segundo a agência AFP.
Desde o início da ofensiva, as forças da Rússia caminham para tentar dominar Kiev, que tem sido alvo de constantes bombardeios. O governo da Ucrânia e as nações ocidentais acusam Moscou de atacar inclusive alvos civis, como hospitais e escolas, o que pode ser caracterizado como crime de guerra ou contra a humanidade.
Fora do campo de batalha, o cenário é desfavorável à Rússia, que tem sido alvo de todo tipo de sanções. Além das esperadas punições financeiras impostas pelas principais potencias globais, que já começaram a sufocar a economia russa, o país tem se tornado um pária global. Representantes russos têm sido proibidos de participar de grandes eventos em setores como esporte, cinema e música.
De acordo com o presidente dos EUA, Joe Biden, as punições tendem a aumentar o isolamento da Rússia no mundo. “Ele não tem ideia do que está por vir”, disse o líder norte-americano, referindo-se ao presidente russo Vladimir Putin. “Putin está agora mais isolado do mundo do que jamais esteve”.
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