Ao menos 21 pessoas morreram em um ataque contra um ônibus e um caminhão na região de Tillaberi, no sudoeste do Níger, perto da fronteira com Burkina Faso. Embora nenhum grupo tenha assumido a autoria da ação, as forças de segurança locais responsabilizam jihadistas, segunda o site The Defense Post.
“Um ataque terrorista na tarde de quarta-feira (16) por homens fortemente armados, viajando em motocicletas e em um veículo, matou 19 pessoas que viajavam em um ônibus, incluindo dois policiais”, disse uma fonte de segurança que não quer ser identificada. “Outras duas pessoas morreram em um ataque a um caminhão”.
Os dois veículos foram incendiados no ataque, e foi o fogo que provocou a morte dos dois ocupantes do caminhão, de acordo com a fonte. No caso do ônibus, sete pessoas conseguiram escapar, sendo que cinco ficaram feridas e foram levadas à capital Niamei.
O ataque ocorreu perto do posto fronteiriço de Petelkole, a cerca de 10 quilômetros da fronteira com Burkina Faso, de acordo com uma autoridade local.
Por que isso importa?
No Níger, o epicentro da violência é a região de Tillaberi, um dos principais palcos da onda jihadista que tomou o Sahel Central. A violência aprofunda os desafios de segurança enfrentados pelo presidente Mohamed Bazoum, eleito no final de fevereiro de 2021.
Bazoum ocupa o lugar de Mahamadou Issoufou, que esteve à frente do governo desde 2011 e deixou o poder após dois mandatos, na primeira transição presidencial pacífica do país desde a independência da França, em 1960.
O país mais pobre do mundo, conforme classificação da ONU (Organização das Nações Unidas), ainda luta contra o alastramento do Boko Haram e do ISWAP (Estado Islâmico da África Ocidental), da Nigéria, que avançam sobre o sudeste do país.
Principal facção extremista da Nigéria, o Boko Haram passou a colecionar derrotas ultimamente, com a neutralização de seus líderes por parte das forças de segurança nigerianas. Em junho do ano passado, militantes do grupo jihadista gravaram um vídeo no qual confirmaram a morte de Abubakar Shekau, seu notório ex-comandante. Essas derrotas levaram o grupo se movimentar mais e, assim, chegar ao Níger, distante do enfrentamento com o exército nigeriano.
Já o ISWAP, formado por dissidentes do Boko Haram, se afastou de Shekau em 2016 e passou a se concentrar em alvos militares e ataques de alto perfil, inclusive contra trabalhadores humanitários. Depois da morte de Shekau, acredita-se que houve uma aproximação entre os dois grupos, sendo o maior indício dessa aliança a realização de ataques contra organizações militares por combatentes suspeitos de integrarem ambas as facções.
No Brasil
Casos mostram que o Brasil é um porto seguro para extremistas. Em dezembro de 2013, levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.
Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.
Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram.
Mais recentemente, em dezembro de 2021, três cidadãos estrangeiros que vivem no Brasil foram adicionados à lista de sanções do Tesouro Norte-americano. Eles são acusados de contribuir para o financiamento da Al-Qaeda, tendo inclusive mantido contato com figuras importantes do grupo terrorista.
Para o tenente-coronel do Exército Brasileiro André Soares, ex-agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), o anúncio do Tesouro causa “preocupação enorme”, vez que confirma a presença do país no mapa das organizações terroristas islâmicas.
“A possibilidade de atentados terroristas em solo brasileiro, perpetrados não apenas por grupos extremistas islâmicos, mas também pelo terrorismo internacional, é real”, diz Soares, mestre em operações militares e autor do livro “Ex-Agente Abre a Caixa-Preta da Abin” (editora Escrituras). “O Estado e a sociedade brasileira estão completamente vulneráveis a atentados terroristas internacionais e inclusive domésticos, exatamente em razão da total disfuncionalidade e do colapso da atual estrutura de Inteligência de Estado vigente no país”. Saiba mais.
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