Brasília foi palco de mais uma manifestação do movimento brasileiro Democracia Sem Fronteiras (DSF). Na quinta-feira (24), o grupo projetou em alguns prédios da capital federal, entre eles o da Biblioteca Nacional, mensagens de protesto contra a guerra na Ucrânia e contra o presidente russo Vladimir Putin.
O DSF usou projeções a laser para exibir frases em inglês e português, como “Ucrânia Livre”, “Stop the War” (Parem a guerra), “Stop Putin” (Parem Putin) e “Putin Ditador“.
“Nós, do Movimento Democracia Sem Fronteiras (DSF), somos contra todo conflito armado que tenha como objetivo ganhos políticos e territoriais contra nações democráticas”, diz o movimento em artigo de opinião sobre o conflito, ao qual A Referência teve acesso em primeira mão. “O que vemos hoje no leste da Europa é a tentativa de expansão de um governo autoritário, que visa a aumentar seu território e, consequentemente, seu poder de dominação”.
Segundo o DSF, a agressão russa à Ucrânia é um ataque não apenas à democracia, mas também aos direitos humanos. No artigo, o movimento também “se posiciona de forma prioritária pela abertura de corredores humanitários com cessar-fogo, para que sejam retirados os civis das zonas de conflito, minimizando o número de vítimas dessa guerra”.
Nesse sentido, o grupo disse, em conversa com a reportagem, que defende punição a Putin por crimes de guerra em razão das mortes de civis. “Ficou claro que o presidente Putin quis a guerra o tempo todo. A comunidade internacional condenou a invasão e mesmo assim ele a fez, e já há centenas de civis mortos, ataques a escolas, maternidade… Ele deve sim responder por crime de guerra”.
O DSF também contestou a posição de Beijing, cuja alegada “neutralidade” é incompatível com gestos recentes pró-Moscou. “A China diretamente tem apoiado o conflito, tem ajudado a Rússia principalmente a driblar as sanções econômicas e bancárias impostas a eles, pois tem interesses econômicos e geopolíticos no conflito. Sem contar que, para eles, o triunfo de um país autoritário também é interessante”.
Por que isso importa?
A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão russa ao país vizinho no dia 24 de fevereiro, remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e se estende até hoje.
O conflito armado no leste da Ucrânia opõe o governo central às forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e foram oficialmente reconhecidas como territórios independentes por Moscou. Foi o suporte aos separatistas que Putin usou como argumento para justificar a invasão, classificada por ele como uma “operação militar especial”.
“Tomei a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de Moscou (0h de Brasília) de 24 de fevereiro, de acordo com o site independente The Moscow Times. Cerca de 30 minutos depois, as primeira explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em Mariupol, no leste do país, segundo a agência AFP.
Desde o início da ofensiva, as forças da Rússia caminham para tentar dominar Kiev, que tem sido alvo de constantes bombardeios. O governo da Ucrânia e as nações ocidentais acusam Moscou de atacar inclusive alvos civis, como hospitais e escolas, o que pode ser caracterizado como crime de guerra ou contra a humanidade.
Fora do campo de batalha, o cenário é desfavorável à Rússia, que tem sido alvo de todo tipo de sanções. Além das esperadas punições financeiras impostas pelas principais potencias globais, que já começaram a sufocar a economia russa, o país tem se tornado um pária global. Representantes russos têm sido proibidos de participar de grandes eventos em setores como esporte, cinema e música.
De acordo com o presidente dos EUA, Joe Biden, as punições tendem a aumentar o isolamento da Rússia no mundo. “Ele não tem ideia do que está por vir”, disse o líder norte-americano, referindo-se ao presidente russo Vladimir Putin. “Putin está agora mais isolado do mundo do que jamais esteve”.
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