Onze integrantes das forças de segurança da Nigéria, sendo sete agentes de polícia e quatro integrantes de milícias armadas ligadas ao governo, morreram em dois ataques diferentes realizados por homens armados na terça-feira (15), nas regiões central e noroeste da Nigéria. As informações são do site The Defense Post.
O primeiro ataque ocorreu em uma delegacia de polícia do distrito de Magama, na região central da Nigéria. De acordo com Wasiu Biodun, porta-voz da polícia local, homens armados chegaram atirando e entraram em confronto com as forças de segurança.
O porta-voz disse que a ação foi obra de uma quadrilha de “bandidos“, nome popularmente atribuído a grupos armados sem vínculo ideológico que atuam sobretudo no norte do país.
“Infelizmente, durante o tiroteio, o DPO (oficial divisional de polícia), outros dois policiais e quatro vigilantes perderam a vida”, disse Biodun em comunicado. Segundo ele, vários “bandidos” também foram “neutralizados” no “feroz tiroteio”.
O outro atentado ocorreu no Estado de Kebi e foi realizado por centenas de “bandidos” de moto, um procedimento comum dos agressores. Nafiu Abubakar, porta-voz da policial regional, disse que cerca de 500 homens atacaram uma fábrica de processamento de tomates no distrito de Ngaski, possivelmente com o objetivo de sequestrar trabalhadores estrangeiros.
“Os policiais que guardavam a fábrica envolveram os bandidos em um tiroteio, que levou à morte de quatro policiais e um morador, enquanto vários dos atiradores também foram mortos”, disse Abubakar. “Eles (os bandidos) queriam sequestrar os expatriados, mas não conseguiram sua nefasta missão”.
Por que isso importa?
A violência que atinge o noroeste da Nigéria forçou dezenas de milhares de pessoas a deixarem suas casas e já começa a se expandir para a região central do país. Parte da população foge dos ataques dos “bandidos” e também da ação de grupos jihadistas, sobretudo o Boko Haram e o ISWAP (Estado Islâmico da África Ocidental).
Enquanto os jihadistas têm uma agenda ideológica muito clara, os “bandidos” agem somente por dinheiro. São principalmente jovens do grupo étnico Fulani que trabalharam como criadores de gado nômades e se envolveram em um conflito de décadas com comunidades agrícolas, na luta pelo acesso à água e às pastagens.
Os “bandidos” são os maiores responsáveis pelos sequestros de jovens em idade escolar, uma modalidade criminosa que tem crescido muito no país. O objetivo dos raptos é meramente financeiro, ou seja, receber o valor do resgate em troca da libertação das vítimas. As gangues também promovem invasões e saques em vilas.
Desde o início de 2022, o governo da Nigéria passou a classificar os “bandidos” como terroristas. “Acho que a única linguagem que eles entendem – nós discutimos exaustivamente com as agências de aplicação da lei, chefes de segurança, o inspetor-geral da polícia… – é irmos atrás deles”, disse o presidente Muhammadu Buhari. “Nós os rotulamos de terroristas. Vamos lidar com eles como tal”.
A violência no noroeste nigeriano aumentou nos últimos meses, e a OIM (Organização Internacional para as Migrações) estima que houve cerca de 50 mil deslocamentos internos no país desde janeiro de 2020. Adicionalmente, 80 mil pessoas rumaram ao vizinho Níger nos últimos dois anos, situação que as agências de apoio à população temem gerar uma nova crise humanitária.
No Brasil
Casos mostram que o Brasil é um porto seguro para extremistas. Em dezembro de 2013, levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.
Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.
Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram.
Mais recentemente, em dezembro de 2021, três cidadãos estrangeiros que vivem no Brasil foram adicionados à lista de sanções do Tesouro Norte-americano. Eles são acusados de contribuir para o financiamento da Al-Qaeda, tendo inclusive mantido contato com figuras importantes do grupo terrorista.
Para o tenente-coronel do Exército Brasileiro André Soares, ex-agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), o anúncio do Tesouro causa “preocupação enorme”, vez que confirma a presença do país no mapa das organizações terroristas islâmicas.
“A possibilidade de atentados terroristas em solo brasileiro, perpetrados não apenas por grupos extremistas islâmicos, mas também pelo terrorismo internacional, é real”, diz Soares, mestre em operações militares e autor do livro “Ex-Agente Abre a Caixa-Preta da Abin” (editora Escrituras). “O Estado e a sociedade brasileira estão completamente vulneráveis a atentados terroristas internacionais e inclusive domésticos, exatamente em razão da total disfuncionalidade e do colapso da atual estrutura de Inteligência de Estado vigente no país”. Saiba mais.
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