A explosão de um IED (dispositivo explosivo improvisado, da sigla em inglês) em uma rodovia do Baluchistão matou ao menos quatro soldados do exército do Paquistão e deixou outros dez feridos na terça-feira (15). As informações são da rede Gandhara.
O ataque, ocorrido no distrito de Sibi, atingiu um comboio das forças de segurança, no qual viajavam soldados do exército paquistanês e policiais.
Nenhuma organização rupo radical assumiu a autoria do atentado, ocorrido em uma área com forte atuação tanto de grupos separatistas quanto de jihadistas ligados ao Estado Islâmico (EI) e do Taleban do Paquistão.
Na semana passada, também em Sibi, um ataque semelhante, embora realizado por um homem-bomba, matou sete integrantes das forças de segurança e deixou outros 25 feridos. Na ocasião, o EI disse ter coordenado a ação.
Por que isso importa?
O Baluchistão se estende por três países, Paquistão, Irã e Afeganistão. É uma região árida, montanhosa e rica em recursos minerais, cujo nome vem dos baloch, um povo muçulmano essencialmente sunita que é originário do Irã e habita a área.
A porção paquistanesa é a mais extensa e tem sido palco de muita violência nos últimos anos. Grupos separatistas que atuam na região entraram em conflito com o governo do Paquistão, o que gerou milhares de mortes desde 2004. Organizações extremistas islâmicas ajudam a aumentar a tensão.
A luta dos separatistas é por maior autonomia política em relação a Islamabad e pelo direito de explorar os vastos recursos da região. Isso gerou desavenças particularmente com a China, sob a acusação de que o Corredor Econômico China-Paquistão (CPEC), anunciado em 2015, estaria sugando as riquezas da região sem melhorar as condições da população local.
Com um orçamento de US$ 60 bilhões, o CPEC projeta ligar a cidade portuária de Gwadar, no Baluchistão, a Xinjiang, no noroeste da China, por meio de obras de rodovias e ferrovias. O acordo ainda prevê projetos de energia para atender às necessidades de abastecimento do Paquistão.
Os baloch argumentam que o projeto bilionário de infraestrutura não tem beneficiado a região, enquanto outras províncias paquistanesas colhem os frutos. O caso gera protestos generalizados, e os chineses são vistos como invasores dispostos a extrair as riquezas da região.
O principal grupo radical atuante no Baluchistão é o Exército de Libertação Baloch (ELB), que em 2019 foi inserido pelos EUA na lista de grupos terroristas internacionais. A Frente de Libertação do Baluchistão (BLF) é outra organização de forte presença na região.
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