Devido à guerra, 90% da Ucrânia pode sofrer uma “queda livre na pobreza” e na extrema vulnerabilidade. É o que aponta um novo relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) divulgado nesta quarta-feira (16), quase três semanas após a Rússia invadir seu vizinho.
O documento alerta que, se o conflito se prolongar e se não houver mais apoio ao país rapidamente, a guerra poderá destruir quase duas décadas de progresso econômico. Além dos terríveis contratempos de desenvolvimento, o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), autor do relatório, diz que o meio ambiente deverá sofrer, enquanto as desigualdades sociais provavelmente aumentarão.
Para ajudar a prevenir esses choques e proteger os ganhos de desenvolvimento duramente conquistados, “precisamos de paz agora”, disse o administrador do PNUD, Achim Steiner, insistindo que uma prioridade é manter “estruturas e serviços críticos de governança, que constituem a base de todas as sociedades”.
“A guerra na Ucrânia está causando um sofrimento humano inimaginável, com uma trágica perda de vidas e o deslocamento de milhões. Um declínio econômico alarmante, e o sofrimento e as dificuldades que trará a uma população já traumatizada devem agora entrar em foco mais nítido. Ainda há tempo de interromper essa trajetória sombria”, disse Steiner
As primeiras estimativas da ONU indicam que quase três em cada dez pessoas na Ucrânia precisam de assistência humanitária. Com base na situação atual, 18 milhões de pessoas tendem a ser afetadas, e mais de sete milhões podem ter que fugir de suas casas. O relatório ressalta que uma em cada duas empresas ucranianas fechou completamente, e a outra metade foi forçada a operar bem abaixo da capacidade.
Conforme as estimativas iniciais, serão necessários US$ 250 milhões por mês em financiamento para cobrir perdas parciais de renda para 2,6 milhões de pessoas que devem cair na pobreza. Fornecer aos mais vulneráveis uma renda básica de US$ 5,50 por dia custaria US$ 430 milhões por mês, disse o PNUD.
Os vizinhos da Ucrânia que lutaram para lidar com os mais de três milhões de refugiados também precisam de ajuda, disse a agência da ONU. Para isso, o PNUD diz trabalhar com a Acnur (agência de refugiados da ONU) em medidas de resiliência e desenvolvimento para os deslocados pela violência, com foco no apoio a refugiados e comunidades anfitriãs por meio da geração de renda e emprego.
Civis mortos
Os últimos números confirmados de vítimas civis do OHCHR (escritório de direitos humanos da ONU) são de 1.834 vítimas civis no país, sendo 691 mortos e 1.143 feridos. Entretanto, os números reais serão provavelmente muito maiores, vez que os dados atuais são prejudicados pela incapacidade de confirmar os números devido aos combates.
Sete meninas e 11 meninos estão entre os mortos, que também incluem 135 homens e 99 mulheres; mais 30 crianças e 409 adultos também morreram, mas seu sexo não foi estabelecido.
Nas regiões de Donetsk e Luhansk, no leste da Ucrânia, houve 751 vítimas: 173 mortos e 578 feridos; em território controlado pelo governo, 582 vítimas: 134 mortos e 448 feridos. Em território controlado pelas autoproclamadas “repúblicas” de Donetsk e Luhansk, além da linha de contato, o escritório de direitos humanos da ONU registrou 169 baixas: 39 mortos e 130 feridos.
Em outras regiões da Ucrânia (a cidade de Kiev e Cherkasy, Chernihiv, Kharkiv, Kherson, Kyiv, Mykolaiv, Odesa, Sumy, Zaporizhzhia, Dnipropetrovsk e regiões de Zhytomyr), que estavam sob controle do governo quando as mortes ocorreram, houve 1.083 vítimas registradas: 518 mortos e 565 feridos até 14 de março.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News
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