Um ataque russo causou um vazamento de amônia em uma fábrica de produtos químicos na cidade ucraniana de Sumy, na segunda-feira (21). Devido ao risco de intoxicação, moradores da cidade vizinha de Novoselytsya, no norte da Ucrânia, foram orientados pelas autoridades a buscar abrigo nas proximidades. As informações são da agência Al Jazeera.
O alerta foi dado pelo governador regional de Sumy, Dmytro Zhyvytsky. Em seu canal no Telegram, ele comunicou um “vazamento de amônia” na usina de Sumykhimprom, que produz fertilizantes. O derramamento impactou uma área de 2,5 km nas imediações das instalações. Um funcionário da fábrica ficou ferido.
“Como resultado do bombardeio do inimigo russo, um tanque com amônia com capacidade de 50 toneladas foi danificado”, disse Zhyvytsky. O produto químico é um gás altamente corrosivo, tóxico e perigoso, podendo ser fatal para os seres humanos se ingerido, inalado ou absorvido pela pele.
O Ministério da Defesa russo negou a ofensiva e acusou Kiev de encenar um falso alerta químico. “O exército russo não planejou ou realizou nenhum ataque contra instalações ucranianas que fabricam ou armazenam produtos químicos venenosos”, disse o porta-voz do órgão governamental, Igor Konashenkov.
A população local foi orientada a procurar refúgio em porões ou em níveis mais baixos de prédios para evitar a exposição. Também foi aconselhada a respirar através de ataduras de gaze umedecidas em ácido cítrico no caso de sentirem a presença do gás.
“A amônia é mais leve que o ar. Portanto, abrigos, porões e andares inferiores devem ser usados para proteção”, disse Zhyvytsky em uma mensagem no aplicativo.
Equipes de emergência trabalham no local. Segundo o governador, levando em consideração a direção dos ventos predominantes,
Novoselytsya, que tinha uma população pré-guerra de aproximadamente 250 mil habitantes, não estava sob ameaça imediata.Sumy, o local do ataque, fica próximo à fronteira com a Rússia e cerca de 350 quilômetros a leste de Kiev. A cidade tem enfrentado semanas de intensos combates.
Por que isso importa?
A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão russa ao país vizinho no dia 24 de fevereiro, remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e se estende até hoje.
O conflito armado no leste da Ucrânia opõe o governo central às forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e foram oficialmente reconhecidas como territórios independentes por Moscou. Foi o suporte aos separatistas que Putin usou como argumento para justificar a invasão, classificada por ele como uma “operação militar especial”.
“Tomei a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de Moscou (0h de Brasília) de 24 de fevereiro, de acordo com o site independente The Moscow Times. Cerca de 30 minutos depois, as primeira explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em Mariupol, no leste do país, segundo a agência AFP.
Desde o início da ofensiva, as forças da Rússia caminham para tentar dominar Kiev, que tem sido alvo de constantes bombardeios. O governo da Ucrânia e as nações ocidentais acusam Moscou de atacar inclusive alvos civis, como hospitais e escolas, o que pode ser caracterizado como crime de guerra ou contra a humanidade.
Fora do campo de batalha, o cenário é desfavorável à Rússia, que tem sido alvo de todo tipo de sanções. Além das esperadas punições financeiras impostas pelas principais potencias globais, que já começaram a sufocar a economia russa, o país tem se tornado um pária global. Representantes russos têm sido proibidos de participar de grandes eventos em setores como esporte, cinema e música.
De acordo com o presidente dos EUA, Joe Biden, as punições tendem a aumentar o isolamento da Rússia no mundo. “Ele não tem ideia do que está por vir”, disse o líder norte-americano, referindo-se ao presidente russo Vladimir Putin. “Putin está agora mais isolado do mundo do que jamais esteve”.
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