O Estado Islâmico (EI) confirmou na quinta-feira (10) a morte de seu líder, Abu Ibrahim al-Hashimi al-Qurashi, e do porta-voz da facção extremista, Abu Hamza Al-Quraishi. O grupo também confirmou que Abu Al-Hassan Al-hashemi Al-Quraishi é, a partir de agora, o novo chefe da organização. As informações são da agência Reuters.
Abu Ibrahim, que também era conhecido como Amir Muhammad Sa’id Abdal-Rahman al-Mawla, morreu ao detonar uma bomba que carregava junto ao corpo, matando também mulheres e crianças da própria família. A morte ocorreu durante uma operação das forças especiais dos EUA e foi anunciada pelo presidente Joe Biden no dia 3 de fevereiro.
Abu Umar al Muhajir, o novo porta-voz do EI, não entrou em detalhes sobre as condições em que o antigo líder foi morto. Ele apenas afirmou que a última missão de Abu Ibrahim foi a tentativa de tomada da prisão de Ghwayran, em al-Hasakah, na Síria.
A invasão da prisão de Ghwayran tinha como objetivo libertar seguidores do EI que ali estavam detidos. O ataque foi controlado pelas Forças Democráticas Sírias (FDS), uma milícia encabeçada pelos curdos que conta com o apoio dos Estados Unidos.
Por que isso importa?
Nos últimos anos, o EI se enfraqueceu financeira e militarmente. Em 2017, o exército iraquiano anunciou ter derrotado a organização no país, com a retomada de todos os territórios que ela dominava desde 2014. O grupo, que chegou a controlar um terço do Iraque, hoje mantém apenas células adormecidas que lançam ataques esporádicos, quase sempre focados em agentes do governo. Já as FDS (Forças Democráticas Sírias), uma milícia curda apoiada pelos EUA, anunciaram em 2019 o fim do “califado” criado pela organização extremista na Síria.
De acordo com um relatório do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) publicado em fevereiro de 2022, as perdas territoriais e de pessoal transformaram o EI, que antes controlava boas partes da Síria e do Iraque, em “uma insurgência principalmente rural, resistindo à pressão antiterrorista sustentada pelas forças da região”.
A pandemia também continua a ser um desafio, pois impede as “viagens transfronteiriças, diminuindo as ameaças decorrentes de fluxos de combatentes em zonas de conflito e viagens terroristas mais amplas em zonas de não conflito”. Por outro lado, a estagnação do terrorismo em meio à onda de Covid-19 aumenta as “oportunidades de recrutamento e radicalização online”, criando a perspectiva de uma retomada futura das ações extremistas globais.
Outro risco que o grupo oferece é a presença de milhares de ex-combatentes em prisões e campos de deslocados em várias partes do mundo. Devolvê-los a seus países de origem e processá-los judicialmente é um desafio para os Estados-Membros da ONU, e os estabelecimentos que abrigam os extremistas são um potencial alvo de ataques para o EI. Exatamente como ocorreu na prisão de Ghwayran.
“Devido à capacidade severamente degradada, a sobrevivência futura do EI depende de sua capacidade de reabastecer as fileiras por meio de tentativas mal concebidas, como o ataque a Hasakah”, afirmou o major-general norte-americano John W. Brennan Jr., comandante da força de coalização liderada pelos EUA para combater o EI. Segundo ele, a ação na prisão síria gerou enorme prejuízo ao grupo terrorista, que “sentenciou à morte muitos dos seus que participaram deste ataque”.
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