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quinta-feira, 31 de março de 2022

Quatro países da União Europeia expulsam 43 diplomatas russos sob a acusação de espionagem

Uma ação coordenada envolvendo quatro países da União Europeia (UE), na terça-feira (29), levou à expulsão de 43 diplomatas russos. Encabeçada pela Holanda, a iniciativa está diretamente relacionada à guerra na Ucrânia e às frequentes denúncias de espionagem envolvendo membros do corpo diplomático da Rússia no continente. As informações são do jornal britânico Daily Mail.

O governo holandês puxou a fila, com o anúncio de que 17 diplomatas estavam sendo expulsos por desempenharem “atividades secretas” como agentes de inteligência. A Bélgica, em ação coordenada com o vizinho, expulsou 21 russos na sequência.

“O embaixador da Rússia foi convocado ao Ministério das Relações Exteriores e informado da expulsão”, disse o governo holandês em comunicado. “Há informações de que as pessoas envolvidas, credenciadas como diplomatas, são secretamente ativas como oficiais de inteligência. O gabinete decidiu fazer isso por causa da ameaça à segurança nacional representada por esse grupo”.

Prédio da Embaixada da Rússia em Haia, na Holanda (Foto: divulgação)

O terceiro país a aderir à ação foi a República Tcheca, que fez o anúncio através da conta de Twitter do Ministério das Relações Exteriores. “Hoje, o MRE informou a Embaixada da Rússia em Praga que um de seus funcionários diplomáticos foi declarado persona non grata e foi solicitado a deixar a República Tcheca em 72 horas. Junto de nossos aliados, estamos reduzindo a presença de inteligência russa na UE”.

A Irlanda foi o quarto país a expulsar russos nos últimos dias, com uma lista de quatro nomes. O ministro das Relações Exteriores, Simon Coveney, divulgou um comunicado dizendo que convocou o embaixador russo para avisar da decisão. “Isso ocorre porque suas atividades não estão de acordo com os padrões internacionais de comportamento diplomático”, disse o político irlandês.

Por que isso importa?

Casos de diplomatas russos expulsos por países europeus, sob acusação de desempenharem atividades incompatíveis com suas funções, não são novidade. O país mais afetado por tais atividades suspeitas é a Alemanha, dona da maior população e da principal economia da UE, o que a torna forte influenciadora do bloco, inclusive em assuntos ligados à Rússia.

A relação diplomática entre os dois países é ruim desde 2014, quando da anexação da região da Crimeia, na Ucrânia, pela Rússia. Desde então, a UE proibiu a venda para empresas russas de bens de dupla utilização, aqueles que poderiam também ter uso militar, e os casos de espionagem se acumulam

Em março de 2021, um ciberataque atingiu 38 parlamentares alemães, parte da campanha Ghostwriter atribuída a hackers russos ligados ao GRU (Departamento Central de Inteligência). O alvo eram políticos do SPD (Partido Social Democrata) e da CDU (União Democrática Cristã), esta segunda a sigla da ex-chanceler Angela Merkel. Mais tarde, em outubro, um diplomata russo, suposto agente da FSB (Agência Nacional de Segurança da Rússia) foi encontrado morto em frente à embaixada em Berlim.

O caso que mais contribuiu para estremecer as relações entre Berlim e Moscou ocorreu em 2020. Foi o envenenamento do principal opositor do Kremlin, Alexei Navalny, que aliados dele atribuem ao presidente russo Vladimir Putin. A vítima se recuperou na capital antes de retornar à Rússia, onde está preso desde fevereiro de 2021.

A Ucrânia, agora integralmente invadida por tropas de Moscou, também detectou forte atividade de inteligência russa nos últimos anos. Um relatório divulgado pelo SBU (Serviço de Segurança da Ucrânia, da sigla em inglês), no final de 2021, aponta que mais de 20 oficiais da inteligência russa operavam no país sob cobertura diplomática e foram denunciados desde 2014. O trabalho já levou aos tribunais mais de 180 réus, que foram posteriormente considerados culpados por traição e espionagem.

Até mesmo a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) foi alvo dos espiões, tendo anunciado, em outubro do ano passado, a expulsão de oito diplomatas russos. Como consequência, à época, a aliança ainda reduziu pela metade a equipe de Moscou dentro de seu quartel-general.

Mais recentemente, já em março deste ano, em meio à guerra, outros dois países europeus anunciaram a expulsão de supostos diplomatas russos. Primeiro a Bulgária, que determinou a saída do país de dez russos acusados de desempenharem funções incompatíveis com o status diplomático. Uma semana depois foi a vez da Polônia, cuja lista de expulsões tinha 45 pessoas.

Eslováquia, Estônia, Letônia, Lituânia e Montenegro são outros países da Europa que nos últimos meses anunciaram a expulsão de diplomatas russos em casos supostamente associados a espionagem.

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