O anúncio de que o Estado de emergência será ampliado em Mianmar, com a realização de eleições até meados de 2023, não foi bem recebido pela ONU (Organização das Nações Unidas). Stephan Dujarric, porta-voz da entidade, disse que o governo “não vai na direção certa”, seis meses após a tomada do poder pelos militares através de um golpe de Estado.
Para o representante da ONU, o anúncio afasta ainda mais o país daquilo que os Estados-Membros têm pedido: “um retorno ao regime democrático, a libertação de todos os presos políticos e o fim da violência e da repressão”.
Neste domingo, o chefe da junta militar que governa Mianmar, Min Aung Hlaing, disse ter assumido as funções de primeiro-ministro em um governo interino recém-formado. Em 1º de fevereiro, a ex-líder birmanesa Aung San Suu Kyi foi derrubada do cargo e indiciada por corrupção.
Durante o período, pelo menos “930 pessoas foram mortas nas mãos das forças de segurança, enquanto outros milhares ficaram feridas”. As Nações Unidas defendem que muitas delas foram mulheres e crianças.
Pelo menos 3 mil pessoas continuam detidas, “incluindo políticos, autores, defensores dos direitos humanos, professores, profissionais de saúde, funcionários públicos, jornalistas, monges, celebridades e cidadãos comuns”.
Pandemia
Para o porta-voz da ONU, esses números revelam que a situação continua a ser extremamente preocupante. Em seis meses após a tomada do poder, a situação é precária, e implicações mais amplas ameaçam a estabilidade regional em meio à pandemia de Covid- 19.
As Nações Unidas consideram que “uma resposta internacional unificada permanece primordial”.
Em nota separada, o Fundo de População da ONU e a ONU Mulheres em Mianmar alertaram que a crise política agravada, associada à situação de saúde e à intensificação dos combates, coloca mais mulheres e meninas em risco neste ano.
As duas entidades alertam que “uma piora da situação socioeconômica que levou centenas de milhares de pessoas a precisar de ajuda humanitária”.
As agências apontam que mulheres e meninas têm estado na linha de frente como líderes de organizações da sociedade civil. Elas lideram ações de rua como “funcionários públicos, ativistas, jornalistas, artistas e influenciadores exercendo seus direitos fundamentais para expressar suas esperanças para o futuro” do país.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News
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