Um relatório divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas) nesta segunda-feira (9) aponta a influência humana no aquecimento do planeta num ritmo sem precedentes pelo menos nos últimos 2 mil anos. Com isso, as consequentes mudanças na temperatura e nos extremos climáticos afetam todas as regiões do mundo.
O estudo prevê que a temperatura global da superfície terrestre continue aumentando até pelo menos meados deste século, considerando todos os cenários de emissões. A expectativa é de um aquecimento global acima de 2° C, a menos que haja reduções profundas nas emissões de CO2 e outros gases de efeito estufa nas próximas décadas.
As temperaturas globais podem levar entre 20 a 30 anos até que se estabilizem. O relatório Mudança Climática 2021: a Base das Ciências Físicas foi adotado pelos 195 membros do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, da sigla em inglês).
Segundo o secretário-geral da ONU, António Guterres, o documento é “um código vermelho para a humanidade”, com uma evidência irrefutável: as emissões de gases a partir da queima de combustíveis fósseis e do desmatamento estão sufocando o planeta e colocando bilhões de pessoas em risco. Ele afirmou ainda que o relatório “deve soar como uma sentença de morte para os combustíveis fósseis, antes que destruam o planeta”.
Alterações causadas pelas emissões de gases de efeito estufa no passado e no futuro serão irreversíveis daqui a séculos ou milênios. As mudanças mais destacadas serão em oceanos, geleiras e no nível global no mar.
O relatório é publicado após a atualização sobre a ciência e o clima de 2013, quando governos se preparam para apresentar planos de redução de emissões na Cop-26 (Cúpula do Clima), agendada para novembro em Glasgow, na Escócia.
Ondas de calor
Entre os efeitos de mudanças atribuídas à influência humana no oceano estão o aquecimento, a frequência de ondas de calor marinhas, a acidificação e a redução dos níveis de oxigênio.
Prevê-se que esses efeitos continuem em longo prazo, pelo menos no resto deste século, afetando ecossistemas dos mares e pessoas que dependem deles.
Em cidades, fenômenos como calor e inundações fortes podem piorar com a maior precipitação em todas as regiões. Com um cenário de aquecimento global a 1,5° C haverá mais ondas de calor, maior duração de estações quentes e menos frio.
Para o aquecimento global a 2° C , os extremos de calor atingiriam mais frequentemente o nível crítico de tolerância para setores como agricultura e saúde. De acordo com o relatório, haverá mudanças em padrões de umidade e aridez.
Regiões subtropicais
Em relação ao ciclo da água, preveem-se chuvas mais intensas e inundações associadas. As secas serão mais intensas em muitas regiões e a precipitação deverá aumentar em zonas altas, diminuindo em grande parte das regiões subtropicais.
Em áreas costeiras continuará aumentando o nível do mar no Século 21. A situação agravará as enchentes em regiões costeiras baixas, bem como a ocorrência da erosão. Eventos extremos antes registrados a cada 100 anos nos mares podem ocorrer a cada ano.
Espera-se ainda o degelo do solo permanentemente gelado, o permafrost, e a perda da cobertura de neve sazonal. Esse fenômeno será acompanhado de derretimento de geleiras e glaciares, além da perda de gelo do mar Ártico durante o verão.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News
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