O Kremlin incluiu na sexta (30) a rede do opositor Alexei Navalny, preso desde janeiro, à lista de organizações terroristas na Rússia. No mesmo dia, agentes detiveram o advogado do político, Ivan Pavlov, em uma busca no seu quarto de hotel em Moscou, confirmou o diário “The Washington Post”.
As medidas são parte de uma escalada de perseguição contra Navalny. O principal opositor do presidente russo Vladimir Putin ganhou notoriedade global após sobreviver a uma tentativa de envenenamento, em agosto. Ele foi detido ao retornar da Alemanha e fez greve de fome em protesto à falta de atendimento médico na prisão.
À Associated Press, o porta-voz de Pavlov afirmou que o advogado não foi preso formalmente. Policiais o detiveram quando invadiram seu quarto de hotel para uma operação de busca e apreensão. Ele foi intimado para interrogatório pelo Comitê de Investigação da Rússia.
Policiais também invadiram apartamentos de Pavlov em São Petesburgo. Se condenado, ele pode perder o direito de exercer a advocacia. Ele está proibido de entrar em contato com testemunhas do caso e nem a usar internet ou celular. A Human Rights Watch instou as autoridades a retirar as acusações contra o advogado.
Pavlov contestou a medida, que incluiu a rede de escritórios anticorrupção de Navalny à lista de terroristas da Rússia, onde estão a Al-Qaeda, Taleban e Estado Islâmico. Com a designação, a agência Rosfinmonitoring pode bloquear todas as contas bancárias e prender apoiadores da organização.
Conforme o jornal russo “The Moscow Times”, um tribunal deve proibir o trabalho de financiamento coletivo nas próximas semanas. Criada em 2017 durante a tentativa de Navalny em concorrer à Presidência, a rede reunia mais de 50 escritórios em toda a Rússia na operação de investigação de corrupção.
Seus líderes dissolveram a instituição na quinta-feira, um dia antes da decisão do tribunal de Moscou. Ex-funcionários já buscam por medidas que os desvinculem de Navalny. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que Putin não acompanhava o caso e não comentou as notícias.
G7 quer conter propaganda russa
O caso Navalny já gerou mais uma crise diplomática para a Rússia. Neste domingo (2), o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Dominic Raab, disse à Reuters que o G7 busca um mecanismo para conter a “desinformação russa”. Segundo ele, Londres pretende liderar uma “resposta rápida” de refutação.
O sistema também poderia ser usado contra a China. Na quinta (29), um relatório da UE (União Europeia) apontou que Moscou e Beijing agem para minar a confiança nas vacinas ocidentais. Ambos negam. A Grã-Bretanha já identificou a Rússia como a maior ameaça à segurança do país, embora a China seja o maior “desafio a longo prazo”.
Raab anunciou que se encontrará com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, nesta segunda (3). O encontro tem como objetivo revigorar o G7. “Pretendemos formar um baluarte mais amplo contra aqueles que minam a ordem internacional baseada em regras”, pontuou.
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