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quarta-feira, 5 de maio de 2021

Na Rússia, Putin amplia cerco a mais opositores

Um levantamento da agência catari Al-Jazeera aponta que a perseguição a opositores ao governo de Vladimir Putin vem crescendo na Rússia após a prisão do político Alexei Navalny, em janeiro. Nos últimos meses, dissidentes relatam um aumento de agressões, multas e invasões a escritórios e casas de ativistas anti-Kremlin.

Uma das vítimas é Violetta Grudina, 31, chefe de um dos escritórios anticorrupção de Navalny na cidade de Murmansk, cidade no Ártico já próxima à fronteira com a Noruega. Ela está desempregada desde que um tribunal de Moscou ordenou o fechamento de todas as unidades do gabinete, no dia 26.

Em quatro dias, Grudina foi detida cinco vezes e teve as janelas de seu apartamento alvejadas por tiros de espingarda. Pessoas não identificadas teriam invadido o escritório, danificado móveis e pintado suásticas nas paredes. O endereço residencial da ativista foi exposto em panfletos anônimos com calúnias.

Na Rússia, Putin amplia cerco a mais opositores
Cartaz em protesto ao presidente Vladimir Putin em Londres, Reino Unido, maio de 2019 (Foto: Divulgação/Duncan C.)

Segundo ela, há uma nova e ainda mais agressiva onda de expurgos políticos instigados pelos governo de Putin. “Ele mudou da perseguição precisa de opositores selecionados para uma pressão mais ampla sobre os críticos na Rússia”, relatou.

O líder da oposição exilado e ex-legislador Gennady Gudkov compara a situação atual com o regime de Joseph Stalin, que governou a Rússia de 1927 a 1953. Segundo ele, a única diferença é que não há execuções em massa. “Todo o resto copia o modelo de Stalin”, disse.

É comum ao Kremlin tentar eliminar qualquer oposição ao governo, afirma. Sob Putin, Moscou adotou leis que restringem a liberdade da mídia e dificultam o registro dos partidos contrários ao governante Rússia Unida. Organizações humanitárias financiadas pelo ocidente foram designadas como “agentes estrangeiros”.

Mais prisões

Além dos críticos mortos – como a jornalista Anna Politkovskaya, a defensora dos direitos humanos Natalya Estemirova e o político oposicionista Boris Nemtsov –, o governo russo acentuou a repressão ao prender e condenar ativistas contrários ao regime autoritário russo.

O físico Viktor Kudryavtsev, morto no dia 30 aos 78 anos por câncer, enfrentou um julgamento por suposta “alta traição”. Moscou o acusou de passar informações sobre armas hipersônicas da Rússia para “serviços de inteligência estrangeiros” um ano antes de sua morte.

O advogado Ivan Pavlov, que defende Navalny, classificou as acusações como “absurdas e forjadas”. Poucas horas depois, agentes russos invadiram o quarto de hotel onde estava em Moscou e o detiveram por “revelar detalhes de uma investigação em andamento”.

Além dele, dezenas de advogados, escritores e jornalistas já relataram algum tipo de perseguição policial ou ataque de agentes não identificados.

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