O Egito e a Turquia inauguraram nova tentativa de reaproximação nesta quarta (5), confirmou a agência France24. Uma delegação turca visita o Cairo pela primeira vez após anos de embates entre os dois países, e as discussões estão previstas para encerrar na quinta-feira.
As relações entre os presidentes Abdel Fattah al-Sisi e Tayyip Recep Erdogan foram quebradas após a derrubada do ex-líder egípcio Mohamed Morsi, em 2013. Eleito por vias democráticas, Morsi tinha o apoio pessoal do presidente turco. Os países também divergem sobre a guerra na Líbia e fronteiras marítimas no Mediterrâneo Oriental.
A iniciativa acontece quase dois meses depois de Ancara estabelecer os primeiros contatos diplomáticos com o país vizinho, como parte de um esforço para consertar as relações no Oriente Médio. A política de Joe Biden em não interferir nos laços da região colaborou para o encontro.
Antes do Egito, a Turquia já restabeleceu os laços com o Catar, em janeiro, após um bloqueio de quatro anos do Golfo com Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Bahrein.
Incerteza
Relatos do encontro, porém, já apontam que o governo egípcio não parece compartilhar o mesmo entusiasmo que a delegação turca. Em entrevista à Reuters, o chanceler Sameh Shoukry afirmou que “palavras não serão suficientes”. “Queremos ver atos”, disse.
A hostilidade se acumula desde os levantes da Primavera Árabe, em 2011, quando Istambul se tornou refúgio para vários ativistas da oposição islâmica – especialmente egípcios ligados à Irmandade Muçulmana de Morsi, ilegal no Egito. O grupo ainda é descrito como composto por “traidores” e “terroristas” pela mídia pró-Sisi.
Um relatório veiculado pelo portal russo RT em árabe, em 19 de março, sugeriu que as autoridades da Turquia solicitaram às emissoras de rádio e televisão afiliados à Irmandade de Morsi para “suavizar a retórica” contra o presidente egípcio em uma tentativa de levar adiante as tratativas diplomáticas.
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