A imagem autoritária não parece incomodar o presidente de Belarus Alexander Lukashenko, mesmo em meio a protestos violentos e desconfiança crescente após a sexta reeleição.
Pelo contrário, seu comportamento é uma escolha deliberada e impulsionada pela assessoria de imprensa do governo, concluiu o dossiê publicado no dia 27 pelo site Meduza, especializado na cobertura em inglês sobre a Rússia e seus vizinhos.
A porta-voz do presidente, Natalya Eismont, afirmou em 2019, na televisão estatal, que a “ditadura é a marca” do governo de Belarus. “Não sei se você vai concordar comigo, mas hoje a palavra ‘ditadura’ está ganhando uma certa conotação positiva”, alegou.
Na mesma entrevista, ela afirmou que, “de forma surpreendente”, poderá haver uma “demanda por ditadura no mundo”. Poucos meses depois, a Belarus vive dias de prisões e expulsões de jornalistas, prisões arbitrárias e uso da força contra manifestantes que contestam o governo de Lukashenko.
A ligação de seu regime ao autoritarismo não incomoda o presidente. Em fevereiro, junto do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, o chefe do Estado bielorrusso ironizou o termo. “[A ditadura de Belarus é diferente das demais] porque todos descansam nos fins de semana, mas o presidente trabalha”, registrou a reportagem.
Imagem ideológica
Lukashenko passou mais de uma década do seu governo de 26 anos sem um porta-voz formal. A antecessora de Eismont, Natalia Petkevich, deixou o cargo em 2003 ao elerger-se como a primeira deputada eleita pela “ideologia do Estado e da mídia”.
Em 2014, Lukashenko sentiu a necessidade de um profissional que “transmitisse seus desejos” à mídia, disse uma fonte à Meduza.
A escolhida foi a ex-âncora de televisão, Natalya Eismont – incumbida não apenas de coordenar a mídia estatal, mas também gerenciar a imagem do presidente. É ela quem acompanha Lukashenko aos grandes eventos, atividades esportivas e aparições rurais.
Natalya também tem influência sobre a narrativa apresentada ao presidente sobre o que acontece no mundo interno e externo. Uma fonte informou à reportagem que há uma “redoma filtrada” ao redor de Lukashenko, o que lhe garante satisfação e segurança.
O conforto e aumento da confiança da equipe interna tornam-se combustíveis para seu poder autocrata e sua permanência no poder.
Em um discurso logo após a sua última eleição, no dia 17 de agosto, Lukashenko reiterou sua marca autoritária. “Já realizamos eleições. Até vocês me matarem, não haverão outras”, afirmou.
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