A ação solitária de um homem armado terminou com a morte de dois agentes dos serviços de inteligência do Paquistão na terça-feira (3). O episódio ocorreu em frente a um restaurante de beira de estrada na região leste do país, segundo informações da agência Al Jazeera.
De acordo com Murtaza Bhatti, um veterano agente de polícia do distrito de Khanewal, na província de Punjab, os dois homens foram atacados quando estacionavam o veículo que os conduzia.
Embora nenhum grupo tenha assumido oficialmente a autoria da ação, tudo aponta para o Tehrik-e Taliban Pakistan (TTP), popularmente conhecido como Taleban do Paquistão e que tem realizado uma série de ataques contra funcionários do governo.
O que aumenta as suspeitas é o fato de que os dois homens mortos eram conhecidos pela atuação contra o TTP e outras facções extremistas atuantes no país. Um deles, inclusive, comandava o departamento provincial de contraterrorismo.
Por que isso importa?
Embora siga os mesmos preceitos fundamentalistas e seja também um grupo sunita, o Taleban do Paquistão é uma entidade desvinculada do homônimo afegão. Os dois grupos, porém, mantêm boas relações, e Islamabad chegou a usar essa proximidade para negociar com o TTP, tendo os talibãs afegãos como intermediários
Assim, um primeiro cessar-fogo foi firmado em 2021, mas acabou interrompido no dia 10 de dezembro daquele ano, exatamente um mês após ter sido iniciado. Os extremistas do TTP acusaram o governo central de não cumprir as promessas feitas antes do pacto, entre elas a libertação de prisioneiros e a formação de um comitê de negociações.
À época em que aquele cessar-fogo foi estabelecido, o ministro da Informação paquistanês, Fawad Chaudhry, confirmou a influência do Taleban do Afeganistão para que o acerto fosse possível. Mais tarde, em junho de 2022, um novo cessar-fogo foi acordado, sendo mais uma vez rompido pouco depois por decisão dos insurgentes.
A proximidade entre Islamabad e o Taleban afegão sempre incomodou o Ocidente. Depois que os radicais conquistaram Cabul, consequentemente assumindo o governo do Afeganistão, o então premiê paquistanês Imran Khan declarou que o grupo estava “quebrando as correntes da escravidão”, em vídeo reproduzido pelo jornal britânico The Independent.
Ultimamente, porém, essa relação está abalada justamente pela retomada dos ataques por parte do TTP contra agentes estatais paquistaneses. Inclusive, no final de 2022, Islamabad sugeriu a possibilidade de realizar ataques contra esconderijos do Taleban do Paquistão no Afeganistão, alegando que entre sete mil e dez mil combatentes do grupo estejam hoje na região de fronteira com a conivência de Cabul.
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