O governo da Suécia afirmou no domingo (8) que não tem condições de atender a todas as demandas feitas pela Turquia para ter aprovado o ingresso na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Ainda assim, Estocolmo se diz confiante de que será aceita na aliança, segundo informações da agência Al Jazeera.
“A Turquia confirma que fizemos o que dissemos que faríamos, mas também diz que quer coisas que não podemos ou não queremos dar a eles”, disse o primeiro-ministro sueco Ulf Kristersson, que falou durante uma conferência de segurança.
Tanto a Suécia quanto a Finlândia têm planos de se juntar à Otan, anunciados em maio de 2022. Os dois países abandonaram suas políticas de longa data de não alinhamento militar e solicitaram a adesão após as tropas de Vladimir Putin invadirem a Ucrânia em fevereiro.
Enquanto 28 dos 30 Estados da aliança ratificaram as adesões, a Turquia segue frustrando os planos dos nórdicos devido às alegações de que ambos dão abrigo a “terroristas”, referindo-se a integrantes das milícias PKK e YPG (Unidade de Proteção do Povo), grupos considerados extremistas inclusive pelos EUA e a União Europeia (UE). Embora não tenha dado o aval, a Hungria já sinalizou que o fará.
Em dezembro, a Suécia deu um indício de que não atenderia a todas as demandas. Na ocasião, a Suprema Corte vetou a extradição para a Turquia do jornalista Bulent Kenes, ex-editor-chefe do jornal Zaman e acusado de envolvimento em uma suposta tentativa de derrubar o presidente turco Recep Tayyip Erdogan em 2016.
Segundo a Justiça sueca, existem “vários obstáculos” legais que impedem a extradição. Sobretudo a natureza política do caso e a condição de refugiado do jornalista. Além disso, algumas das acusações impostas contra ele na Turquia não são consideradas crime na Suécia.
A negativa foi reforçada pelo Ministério das Relações Exteriores da Suécia. “Se a Suprema Corte declarar que há obstáculos à extradição em um caso individual, o governo deve negar o pedido de extradição”, disse a pasta em comunicado.
Outra exigência é a de que sejam extraditados 33 indivíduos curdos acusados de serem combatentes de grupos considerados extremistas. Um pouco antes da solução do caso de Kenes, Ancara havia conquistado uma vitória na queda de braços com Estocolmo ao conseguir a extradição de Mahmut Tat, que em 2015 pediu asilo na Suécia após ter sido condenado por suposta ligação com o PKK na Turquia.
O PKK, que luta pela autonomia curda na Turquia, é classificado por Erdogan como grupo terrorista e é um dos principais focos da política de segurança nacional turca. Ancara alega que, ao longo de 35 anos, a “campanha de terror” da milícia já matou mais de 40 mil civis e militares.
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