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segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Moscou prepara nova mobilização militar para reforçar suas tropas na Ucrânia, diz Reino Unido

O governo da Rússia cogita a possibilidade de retomar o recrutamento de cidadãos para novamente reforçar suas forças armadas na guerra em curso na Ucrânia. O alerta foi feito pelo Ministério da Defesa do Reino Unido, em boletim divulgado pela inteligência militar nesta segunda-feira (30).

“Autoridades russas provavelmente mantêm aberta a possibilidade de uma nova rodada de convocações inseridas na ‘mobilização parcial'”, diz o já tradicional documento, que vem sendo periodicamente publicado pelo governo britânico no Twitter.

Soldados do exército da Rússia: novos recrutas podem ser adicionados (Foto: reprodução/Facebook)

Um indício de que o recrutamento não terminou é o fato de que alguns detentores de passaporte russo têm sido impedidos de deixar o país. É uma forma de o governo impedir novo êxodo de potenciais soldados, algo registrado anteriormente quando a mobilização teve início, em setembro de 2022.

“No dia 22 de janeiro de 2023, a mídia relatou que guardas de fronteira russos estavam impedindo trabalhadores migrantes quirguizes com dupla nacionalidade de deixar a Rússia, dizendo que os nomes deles estão na lista de mobilização”, diz a Defesa britânica.

No ano passado, muitos russos não receberam bem a decisão de Putin de convocar cerca de 300 mil cidadãos para reforçar as forças armadas na Ucrânia. A mobilização parcial levou milhares de pessoas a fugir do país, com fronteiras lotadas em países como Geórgia, Mongólia e Cazaquistão. Voos para Armênia, Turquia e Azerbaijão, que não exigem visto de entrada, rapidamente se esgotaram.

Agora, embora o Kremlin não confirme abertamente a intenção de recrutar mais cidadãos, o porta-voz presidencial Dmitry Peskov disse que o decreto que instituiu oficialmente a mobilização continua ativo. “Observadores questionaram porque a medida ainda não foi rescindida”, afirma o boletim do Reino Unido.

O alerta sobre uma nova etapa da mobilização já havia sido feito pela inteligência ucraniana no início do mês, de acordo com o jornal Guardian. Na ocasião, Kiev afirmou que Moscou planejava adicionar 500 mil conscritos às forças armadas, ainda mais que na primeira onda de convocações.

O presidente Vladimir Putin, então, negou que tivesse tais intenções e afirmou que suas forças sequer contavam com todos os 300 mil russos convocados desde setembro. Segundo ele, somente a metade desse contingente já havia sido enviada ao campo de batalhas.

Protestos populares

A mobilização nunca foi unanimidade entre os russos, e protestos populares passaram a ser registrados em todos os cantos do país quando Putin anunciou a medida em setembro. Tal movimento não se via desde que a lei foi endurecida para silenciar os dissidentes, em março de 2022, quando Moscou passou a punir mais severamente os cidadãos acusados de “desacreditar o uso das forças armadas”.

Somente na primeira semana que sucedeu o anúncio da mobilização, a ONG OVD-Info, que monitora a repressão estatal na Rússia, registrou quase 2,5 mil detenções em protestos populares contra a decisão do Kremlin. E o número real provavelmente foi bem maior, vez que foram divulgados apenas os dados referentes a nomes que a entidade confirmou com base em listas fornecidas pelas autoridades.

Em meio à mobilização, voltaram a ser comuns em toda a Rússia as cenas de policiais usando a força para deter manifestantes nas ruas, algo que não vinha acontecendo nos meses anteriores devido à forte repressão estatal à dissidência.

Agora, no caso de nova onda de recrutamentos, evitar a insatisfação popular é uma das preocupação do governo. “A liderança russa provavelmente continua a procurar maneiras de atender ao alto número de pessoal necessário para fornecer recursos para qualquer futura grande ofensiva na Ucrânia, minimizando a dissidência interna”, diz o boletim.

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