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sábado, 28 de janeiro de 2023

EUA classificam o Wagner Group como “organização criminosa transnacional”

O Departamento de Tesouro dos EUA, em decisão anunciada na quinta-feira (26), designou como “organização criminosa transnacional” o Wagner Group, organização paramilitar russa ativamente envolvida na guerra contra a Ucrânia. As tropas mercenárias são chefiadas pelo oligarca Evgeny Prigozhin, tido como principal financiador da facção e um velho aliado do presidente Vladimir Putin. As informações são da rede CNN.

O rótulo traz sanções que têm o objetivo de “atingir uma série de infraestruturas-chave do Wagner. Entre elas uma empresa de aviação usada pela facção, uma organização de propaganda e empresas de fachada, detalhou o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken.

“Enquanto os militares da Rússia lutam no campo de batalha, Vladimir Putin recorreu ao Wagner Group para continuar sua guerra de escolha. O grupo também se intrometeu e desestabilizou países na África, cometendo abusos generalizados dos direitos humanos e extorquindo recursos naturais de seu povo”, disse o Departamento do Tesouro em um comunicado à imprensa.

Combatentes do Wagner Group na Ucrânia: atuação decisiva na guerra (Foto: reprodução/VK)

A Casa Branca também anunciou sanções contra um amplo grupo de indivíduos e empresas ligadas à guerra na Ucrânia. Na sexta-feira passada (20), o Wagner Group teve congelados seus ativos nos EUA, e cidadãos norte-americanos ficam proibidos de fornecer fundos, bens ou serviços à organização, que atingiu um contingente de 50 mil combatentes no conflito no leste europeu – 80% dos membros foram retirados da prisão em troca de perdão a seus crimes.

“Esta ação apoia nosso objetivo de degradar a capacidade de Moscou de travar uma guerra contra a Ucrânia, promover a responsabilização dos responsáveis ​​pela guerra de agressão da Rússia e abusos associados e colocar mais pressão sobre o setor de defesa da Rússia”, acrescentou Blinken.

O Tesouro norte-americano também está designando inúmeras empresas ligadas ao complexo industrial de defesa de Moscou e indivíduos em vários continentes que apoiam as operações militares do Wagner Group

Entre as entidades estão a Joint Stock Company Terra Tech, uma empresa de tecnologia sediada na Rússia que fornece imagens espaciais adquiridas por satélites comercialmente ativos, bem como imagens aéreas adquiridas por sistemas não tripulados; e a Changsha Tianyi Space Science and Technology Research Institute Co. LTD, uma entidade sediada na China que forneceu pedidos de imagens de satélite de radar de abertura sintética à Terra Tech sobre locais na Ucrânia.

Outra medida anunciada impõe restrições de visto “a 531 membros das forças armadas da Federação Russa por ações que ameacem ou violem a soberania, integridade territorial ou independência política da Ucrânia”, disse o comunicado.

“As sanções ampliadas de hoje contra o Wagner Group, bem como novas sanções sobre seus associados e outras empresas que permitem o complexo militar russo, impedirão ainda mais a capacidade de Putin de armar e equipar sua máquina de guerra”, disse a secretária do Tesouro, Janet Yellen.

Na África

Além das penalidades relacionadas à atuação do Wagner na na Ucrânia, o Departamento do Tesouro impôs sanções por violações perpetradas na África, mais precisamente na República Centro-Africana (RCA).

Lá, a empresa militar provada foi apontada como “responsável ou cúmplice, ou ter se envolvido em atacar mulheres, crianças ou quaisquer civis por meio da prática de atos de violência ou sequestro, deslocamento forçado ou ataques a escolas, hospitais , locais religiosos ou locais onde civis buscam refúgio, ou por meio de conduta que constitua um grave abuso ou violação dos direitos humanos ou uma violação do direito humanitário internacional em relação à RCA”.

Atualmente, o Wagner Group marca presença em ao menos seis países africanos. Para isso, conta com o suporte da propaganda do Kremlin, que há anos realiza uma campanha de influência no continente, sobretudo focada em nações politicamente instáveis. O governo russo faz uso das redes sociais para difundir uma imagem favorável junto à população local e atua até mesmo para influenciar os protestos de rua.

O Wagner Group, que há até pouco tempo era envolto em mistério, resolveu definitivamente tornar sua existência pública no ano passado. Tanto que, em novembro, inaugurou a referida base central de operações em São Petesburgo, a segunda maior cidade da Rússia, que servirá também como centro para desenvolvimento de novas tecnologias militares a serviço do país.

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