Cerca de 1,12 bilhão de pessoas, ou 80% da população chinesa de 1,4 bilhão, já foram contaminados com o novo coronavírus. Os dados foram divulgados no sábado (21) por Wu Zunyou, epidemiologista chefe do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China, segundo informou a rede CNN.
Wu anunciou os números um dia antes das celebrações do Ano Novo Lunar, iniciadas no domingo (22), e em meio a um surto de Covid-19 que matou ao menos 60 mil pessoas desde dezembro, segundo dados do governo. “A onda da epidemia já infectou cerca de 80% das pessoas”, disse o cientista.
A manifestação do especialista surgiu em meio ao temor pelo grande deslocamento de pessoas em todo o país em função da data especial. Como os festejos se estendem por 40 dias, a expectativa do governo é de que até dois bilhões de viagens ocorram na China nesse período.
A emissora estatal chinesa CCTV disse que mais de 26 milhões foram registradas somente no sábado. E os números não estão nem perto do que se costumava registrar antes da pandemia, vez que cerca de 50 milhões de deslocamentos haviam sido registrados em 2019.
Assim, as autoridades de saúde entraram em alerta para o risco de uma nova onda da doença nos meses seguintes de 2023. Sobretudo no interior, para onde muitas pessoas se dirigem a fim de visitar familiares. Wu, porém, diz não acreditar nessa hipótese.
“Nos próximos dois a três meses, a possibilidade de uma retomada em larga escala da Covid-19 ou de uma segunda onda de infecções em todo o país é muito pequena”, disse ele.
Beijing, no último balanço oficial sobre a doença, disse que cerca de 60 mil pessoas morreram em razão da Covid-19 entre os dias 8 de dezembro de 2022 e 12 de janeiro deste ano. Entretanto, o governo diz que o pico do surto atual já passou e que, daqui em diante, as internações e mortes diminuirão.
Porém, em seu mais recente balanço sobre o atual surto, a empresa britânica de análise de dados de saúde Airfinity afirmou que os dados relatados pela China escondem a dura realidade da situação. Relatório divulgado na semana passada estima que 608 mil pessoas morreram em virtude da doença na China entre o 1º de dezembro de 2022 e 17 de janeiro. E que o pico seria nesta segunda (23).
Por que isso importa?
O atual surto de Covid na China começou no final de novembro e piorou a partir de 7 de dezembro, quando o governo suspendeu subitamente os radicais bloqueios antes impostos à população para controlar a propagação da doença, a política Zero Covid.
Entre as medidas de flexibilização, doentes assintomáticos ou com sintomas leves são autorizados a se isolar em casa, não mais em instalações do governo. Testes de PCR e o aplicativo de monitoramento de saúde deixaram de ser obrigatórios para acessar locais públicos. Já os bloqueios de rua, que antes atingiam distritos inteiros, agora são menores, concentrados em andares ou edifícios específicos.
Um dos problemas do afrouxamento das medidas é o fato de que os cidadãos ficaram trancados durante muito tempo, o que reduziu entre os chineses a imunidade natural encontrada em outros países. Aumenta a preocupação a baixa taxa de vacinação entre os idosos, sendo que apenas 40% das pessoas a partir dos 80 anos receberam a terceira dose da vacina.
O governo chinês também não aprovou o uso no país de nenhuma vacina produzida no exterior, limitando seus cidadãos à inoculação com os imunizantes da Sinovac e da Sinopharm. Para especialistas, porém, o nível de imunidade fornecida pelas vacinas da China é mais baixo que o das ocidentais, que usam a tecnologia de RNA mensageiro, mais moderna.
Um estudo publicado em dezembro pela revista de medicina Lancet em Singapura mostra que as vacinas chinesas, que usam a tecnologia do vírus inativado, mais antiga que a do RNA mensageiro, levam a uma probabilidade quase duas vezes maior de o indivíduo inoculado desenvolver Covid-19 grave.
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