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segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Irã executa britânico-iraniano acusado de espionagem para o Reino Unido

O Irã comunicou no sábado (14) que executou um cidadão britânico-iraniano condenado à morte por praticar espionagem para o Reino Unido. O enforcamento de Alireza Akbari, de 61 anos, que já havia sido vice-ministro da Defesa no país, gerou reações condenatórias de governos ocidentais e grupos de direitos humanos internacionais. As informações são da agência Reuters.

Segundo a agência de notícias do judiciário iraniano Mizan Online, Akbari, um veterano da guerra Irã-Iraque travada nos anos 1980, era espião da agência de inteligência britânica MI6 e foi condenado por “corrupção na Terra” e por “prejudicar a segurança interna e externa do país ao repassar informações de inteligência”. Ele teria recebido cerca de US$ 2 milhões por seus serviços e estava preso há quase três anos. A data e o local da execução não foram informados.

Tido como um “superespião” pelas autoridades iranianas, de acordo com a mídia estatal local, ele teria desempenhado um papel no assassinato em 2020 do principal cientista nuclear do Irã, Mohsen Fakhrizadeh, morto em um ataque nos arredores de Teerã.

Alireza Akbari, condenado à morte por praticar espionagem para o Reino Unido (Foto: Twitter/Reprodução)

A vítima era responsável pelo desenvolvimento do programa nuclear militar do país. À época, as autoridades iranianas atribuíram o assassinato a Israel, já que o então primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, havia chamado a atenção para a figura influente de Fakhrizadeh no policiamento estratégico do Irã.

A notícia do enforcamento de Akbari veio horas depois que os Estados Unidos se juntaram aos seus aliados britânicos para pedir que o Irã não prosseguisse com a execução. O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, disse estar “horrorizado” com a execução.

“Este foi um ato insensível e covarde, realizado por um regime bárbaro sem respeito pelos direitos humanos de seu próprio povo”, tuitou Sunak, acrescentando que seus pensamentos estão com “os amigos e a família de Alireza”.

A BBC persa transmitiu uma mensagem de áudio que disse ser de Akbari, na qual ele disse que foi torturado e forçado a confessar diante das câmeras crimes que não cometeu. A mídia estatal iraniana costuma transmitir supostas confissões de suspeitos em casos que tenham motivação política.

“Deram-me roupas novas e pediram-me para pintar o cabelo para ser libertado, mas depois fui levado para um estúdio de cinema e ameaçado com uma arma para confessar falsamente”, é possível ouvir a voz de um homem dizer na gravação.

A Anistia Internacional (AI) classificou a execução como “abominável”. Pelo Twitter, a ONG disse que Akbari havia sido submetido a “tortura e outros maus-tratos”, com “substâncias químicas administradas à força”, sendo mantido em” confinamento solitário prolongado”.

Washington ficou “horrorizada” com o enforcamento de Akbari, de acordo com um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano.

“Lamentamos com seus entes queridos e continuaremos a responsabilizar o Irã por seus falsos julgamentos e execuções politizadas”, tuitou o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken.

O enforcamento de Akbari torna ainda mais complicadas as relações de Teerã com o Ocidente, que se deterioraram em meio às negociações para retomar o acordo nuclear de 2015. Teve piora por conta da repressão estatal como resposta à onda de protestos antigoverno que vêm ocorrendo no país desde setembro, após a morte da jovem curda Mahsa Amini. 

Dezoito pessoas foram condenadas à morte em conexão com as manifestações, de acordo com uma contagem organizada pela agência AFP a partir de anúncios oficiais. Até agora, quatro pessoas foram executadas.

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