O Irã comunicou no sábado (14) que executou um cidadão britânico-iraniano condenado à morte por praticar espionagem para o Reino Unido. O enforcamento de Alireza Akbari, de 61 anos, que já havia sido vice-ministro da Defesa no país, gerou reações condenatórias de governos ocidentais e grupos de direitos humanos internacionais. As informações são da agência Reuters.
Segundo a agência de notícias do judiciário iraniano Mizan Online, Akbari, um veterano da guerra Irã-Iraque travada nos anos 1980, era espião da agência de inteligência britânica MI6 e foi condenado por “corrupção na Terra” e por “prejudicar a segurança interna e externa do país ao repassar informações de inteligência”. Ele teria recebido cerca de US$ 2 milhões por seus serviços e estava preso há quase três anos. A data e o local da execução não foram informados.
Tido como um “superespião” pelas autoridades iranianas, de acordo com a mídia estatal local, ele teria desempenhado um papel no assassinato em 2020 do principal cientista nuclear do Irã, Mohsen Fakhrizadeh, morto em um ataque nos arredores de Teerã.
A vítima era responsável pelo desenvolvimento do programa nuclear militar do país. À época, as autoridades iranianas atribuíram o assassinato a Israel, já que o então primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, havia chamado a atenção para a figura influente de Fakhrizadeh no policiamento estratégico do Irã.
A notícia do enforcamento de Akbari veio horas depois que os Estados Unidos se juntaram aos seus aliados britânicos para pedir que o Irã não prosseguisse com a execução. O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, disse estar “horrorizado” com a execução.
“Este foi um ato insensível e covarde, realizado por um regime bárbaro sem respeito pelos direitos humanos de seu próprio povo”, tuitou Sunak, acrescentando que seus pensamentos estão com “os amigos e a família de Alireza”.
I am appalled by the execution of British-Iranian citizen Alireza Akbari in Iran.
— Rishi Sunak (@RishiSunak) January 14, 2023
This was a callous and cowardly act, carried out by a barbaric regime with no respect for the human rights of their own people. My thoughts are with Alireza’s friends and family.
A BBC persa transmitiu uma mensagem de áudio que disse ser de Akbari, na qual ele disse que foi torturado e forçado a confessar diante das câmeras crimes que não cometeu. A mídia estatal iraniana costuma transmitir supostas confissões de suspeitos em casos que tenham motivação política.
“Deram-me roupas novas e pediram-me para pintar o cabelo para ser libertado, mas depois fui levado para um estúdio de cinema e ameaçado com uma arma para confessar falsamente”, é possível ouvir a voz de um homem dizer na gravação.
A Anistia Internacional (AI) classificou a execução como “abominável”. Pelo Twitter, a ONG disse que Akbari havia sido submetido a “tortura e outros maus-tratos”, com “substâncias químicas administradas à força”, sendo mantido em” confinamento solitário prolongado”.
Washington ficou “horrorizada” com o enforcamento de Akbari, de acordo com um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano.
“Lamentamos com seus entes queridos e continuaremos a responsabilizar o Irã por seus falsos julgamentos e execuções politizadas”, tuitou o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken.
O enforcamento de Akbari torna ainda mais complicadas as relações de Teerã com o Ocidente, que se deterioraram em meio às negociações para retomar o acordo nuclear de 2015. Teve piora por conta da repressão estatal como resposta à onda de protestos antigoverno que vêm ocorrendo no país desde setembro, após a morte da jovem curda Mahsa Amini.
Dezoito pessoas foram condenadas à morte em conexão com as manifestações, de acordo com uma contagem organizada pela agência AFP a partir de anúncios oficiais. Até agora, quatro pessoas foram executadas.
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