Um ataque suicida a bomba deixou ao menos cinco pessoas mortas perto do prédio do Ministério das Relações Exteriores do Afeganistão, em Cabul, na quarta-feira (11). O Estado Islâmico-Khorasan, grupo extremista que faz violenta oposição ao Taleban, assumiu a autoria nesta quinta (12).
A região onde ocorreu a explosão é bastante movimentada e muito policiada, devido à presença de inúmeros edifícios do governo talibã e de embaixadas estrangeiras, como as de China e Turquia. Uma reunião entre autoridades afegãs e representantes chineses estava agendada para ocorrer no Ministério no momento do ataque, mas não está claro se o encontro foi realizado.
Já as informações quanto ao número de vítimas são desencontradas. Khalid Zadran, porta-voz da polícia de Cabul, falou em cinco mortos, de acordo com a agência Reuters. Já Ustad Fareedun, um funcionário do Ministério da Informação talibã, disse que 20 pessoas morreram.
De acordo com Fareedun, o homem-bomba planejava entrar no prédio do Ministério para então acionar o dispositivo explosivo. Como não conseguiu acesso, fez a detonação do lado de fora. Uma imagem da área, cuja autenticidade foi confirmada por fontes oficiais, mostra ao menos nove vítimas, entre mortos e feridos.
Obaidullah Baheer, professor da Universidade Americana do Afeganistão em Cabul, contestou a posição do Taleban de não fornecer dados precisos de vítimas. “Já vimos o Taleban fazer isso antes. Não ajuda a segurança da cidade negar o número de baixas reais. Então, muitas perguntas, poucas respostas”, disse ele à agência Al Jazeera.
Chineses na mira do EI-K
China e Taleban têm se aproximado cada vez mais, inclusive com a celebração de um acordo para exploração de uma reserva de petróleo afegã por parte de uma empresa chinesa. Porém, a relação entre ambos sofreu um pequeno impacto após um ataque armado no dia 12 de dezembro ao Longan Hotel, local bastante frequentado por chineses. À época, Beijing chegou a emitir um comunicado a seus cidadãos para que deixassem o Afeganistão “o mais rápido possível” devido à insegurança.
Na ocasião do atentado, Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, cobrou uma “investigação completa” do ocorrido e instou o Taleban a adotar “medidas firmes e resolutas para garantir a segurança dos cidadãos, instituições e projetos chineses no Afeganistão”.
Na semana passada, por ocasião do acordo comercial, Wang Yu, embaixador chinês em Cabul, voltou a citar a questão. “Acredito e espero que o lado afegão tome medidas práticas e eficazes para garantir uma operação tranquila e segura do projeto, de modo a aumentar a confiança de mais investidores estrangeiros para desenvolver seus negócios no Afeganistão”, disse ele.
Por que isso importa?
Embora tenha ganhado notoriedade somente após o Taleban ascender ao poder, o EI-K não é novo no cenário afegão. O grupo extremista opera no Afeganistão desde 2015 e surgiu na esteira da criação do Estado Islâmico (EI) do Iraque e da Síria. Foi formado originalmente por membros de grupos do Paquistão que migraram para fugir da crescente pressão das forças de segurança paquistanesas.
Agora que a ocupação estrangeira no Afeganistão terminou e que o antigo governo foi deposto pelo Taleban, os principais alvos do EI-K têm sido a população civil e os próprios talibãs, tratados como apóstatas pelo Khorasan, sob a acusação de que abandonaram a jihad por uma negociação diplomática.
Os ataques suicidas são a principal marca do EI-K, que habitualmente tem uma alta taxa de mortes por atentado. O mais violento de todos eles ocorreu durante a retirada de tropas dos EUA e da Otan, quando as bombas do grupo mataram 182 pessoas na região do aeroporto de Cabul.
Não há diferença substancial entre EI e EI-K, somente o local de origem, a região de Khorasan, originalmente parte do Irã.
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