Um protesto por melhores condições de trabalho foi registrado em uma mina de cobre controlada por uma empresa da China na cidade de Bor, no leste da Sérvia, na quinta-feira (12). As informações são da rede Radio Free Europe (RFE).
Centena de pessoas foram às ruas exigir dos donos da mina que respeitem as leis nacionais e aumentem os salários dos trabalhadores, sob o argumento de que estão defasados em relação à inflação. A mina é gerenciada pela Zijin Mining Group, que detém a maior parte do negócio em parceria com o governo nacional.
“Respeito insuficiente pelos trabalhadores, respeito insuficiente pelos salários e padrões”, disse Srecko Karadzic, um dos manifestantes. “Tudo é mais caro, mas os salários são os mesmos”.
De acordo com outro trabalhador, os donos da mina costumam intimidar os mineiros, criando listas com os nomes de quem se dispõe a protestar por melhores condições. Ele afirmou que alguns dos listados são transferidos pela empresa para outros locais de trabalho, mesmo contra a própria vontade.
Em sua defesa, a Zijin argumenta que aumenta os salários sempre que isso é financeiramente viável, dizendo ainda que os vencimentos na mina são compatíveis com o salário médio no país.
A situação levou o Ministério das Minas e Energia da Sérvia a intervir nas negociações. “É muito importante que tenhamos um entendimento e uma relação de parceria entre todas as partes, e é isso que nos permitirá resolver os problemas relacionados ao acordo coletivo e, posteriormente, ao Regimento do Trabalho”, disse Ivan Jankovic, ministro adjunto da pasta.
Poluição do ar
A mina de cobre de Bor está inserida na Nova Rota da Seda (BRI, na sigla em inglês, de Belt And Road Initiative), uma iniciativa implementada oficialmente em 2013 pelo presidente Xi Jinping para espalhar a influência chinesa pelo mundo através de grandes projetos de infraestrutura.
A Zijin já havia sido alvo da população local em agosto de 2021, sob a acusação de contribuir para a péssima qualidade do ar em Bor. Embora o problema ambiental seja antigo na cidade, ele se intensificou desde que os chineses assumiram o controle da mina, em 2018, segundo os cidadãos.
Além da exploração, a companhia realiza ali a fundição do metal, o que contribui bastante para aumentar a poluição. Assim, tornou-se um hábito da população local a publicação de fotos e vídeos online demonstrando a péssima qualidade do ar na cidade.
A Sérvia é peça importante na BRI, mas a poluição é um alto preço que o país paga por isso. O alerta foi feito em julho de 2017 por Vuk Vuksanovic, pesquisador da Escola de Economia e Ciências Políticas de Londres, em artigo publicado na revista Foreign Policy.
Segundo Vuksanovic, o país europeu “importa da China projetos econômicos prejudiciais ao meio ambiente” e “adota o modelo político chinês no qual a elite sacrifica a segurança ambiental e a saúde pública em prol do crescimento econômico”.
O pesquisador diz que, entre 2010 e 2019, a China investiu 1,6 bilhão de euros na Sérvia, que ainda recebeu outros sete bilhões de euros em empréstimos chineses para obras de infraestrutura.
À primeira vista, o negócio parece ótimo. “Beijing estava disposta a assumir antigas instalações industriais endividadas que estavam perdendo dinheiro, mas ainda forneciam emprego e sustento para famílias da classe trabalhadora sérvia”, diz Vuksanovic.
Porém, o dinheiro esconde a agressão ao meio ambiente. “Um dos motivos por trás da Nova Rota da Seda é a terceirização da poluição e da degradação ambiental para países mais pobres e distantes, com extrema necessidade de financiamento de infraestrutura e desenvolvimento socioeconômico, cujos governos ignoram os riscos ambientais”, afirma o pesquisador.
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