A explosão de uma bomba em uma mesquita de Peshawar, no noroeste do Paquistão, na segunda-feira (30), deixou ao menos 95 pessoas mortas, de acordo com as informações mais recentes divulgadas pelas autoridades locais e reproduzidas pela agência Al Jazeera.
O atentado é um dos mais mortíferos registrados no país nos últimos anos. Além das mortes que já foram confirmadas, Kashif Aftab Abbasi, superintendente sênior de operações policiais, disse que outras 225 pessoas ficaram feridas, sendo que 52 continuam no hospital.
A explosão foi tão forte que o teto do templo desabou, deixando muitas pessoas sob os escombros. A mesquita fica em um complexo que abriga também um quartel da polícia, por isso os policiais são maioria entre as vítimas do episódio.
Um deles é Nasarullah Khan, que sofreu uma fratura no pé justamente devido ao desabamento. “O teto caiu. O espaço entre o teto e a parede foi onde consegui sobreviver”, disse ele à rede CNN.
Embora o trabalho de resgate continue, as autoridades admitem não ter esperança de encontrar sobreviventes nos escombros. De acordo com Bilal Faiz, porta-voz do grupo que faz a busca, a meta agora é recuperar os corpos ainda presos. “Não esperamos encontrar ninguém vivo”, afirmou.
Em busca dos culpados
Enquanto isso, as forças de segurança continuam investigando a autoria do ataque. Neste momento, a suspeita recai sobre o Jamaat-ul-Ahrar (JuA), um grupo dissidente do Tehrik-e Taliban Pakistan (TTP), popularmente conhecido como Taleban do Paquistão.
Omar Mukaram Khorasani, atual chefe do JuA, disse que a explosão teria sido uma vingança pela morte do antecessor dele, Omar Khalid Khorasani, um dos líderes mais influentes e implacáveis da facção e ex-membro do TTP. Ele morreu em agosto de 2022, em uma explosão perto de uma rodovia paquistanesa.
Se a autoria ainda é incerta, o governo central já trata o caso abertamente como tendo sido um ataque terrorista. “O assassinato brutal de muçulmanos que se prostram diante de Alá é contra os ensinamentos do Alcorão”, disse o primeiro-ministro paquistanês Shehbaz Sharif. “Atacar a casa de Alá é a prova de que os agressores não têm nada a ver com o Islã”.
Quem negou envolvimento direto com a explosão foi o TTP. “Em relação ao incidente de Peshawar, consideramos necessário esclarecer que o Tehrik-e Taliban Pakistan não tem nada a ver com este incidente”, disse Muhammad Khorasani, porta-voz do grupo. “De acordo com nossas leis e constituição geral, qualquer ação em mesquitas, madrassas, funerais e outros locais sagrados é uma ofensa.”
O TTP chegou a estabelecer alguns acordos de cessar-fogo com o governo. O primeiro deles, firmado em 2021, foi interrompido no dia 10 de dezembro daquele ano, exatamente um mês após ter sido iniciado. Os extremistas acusaram Islamabad de não cumprir as promessas feitas antes do pacto, entre elas a libertação de prisioneiros e a formação de um comitê de negociações.
À época em que aquele cessar-fogo foi estabelecido, o ministro da Informação paquistanês, Fawad Chaudhry, confirmou a influência do Taleban do Afeganistão para que o acerto fosse possível. Mais tarde, em junho de 2022, um novo cessar-fogo foi acordado, sendo mais uma vez rompido pouco depois por decisão dos insurgentes.
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