A Crimeia pode retornar ao controle ucraniano depois de quase uma década sob o domínio russo, disse no sábado (7) o tenente-general aposentado do Exército dos EUA Ben Hodges. A declaração, dada em sua conta no Twitter, sustenta que as tropas de Vladmir Putin não têm motivação após quase um ano de conflito e vêm demonstrando fraqueza diante da ajuda ocidental dada a Kiev. As informações são da revista Newsweek.
“É claro que o tempo está do lado da Ucrânia. Eles não têm problemas de mão de obra e sua situação logística melhora a cada semana. Nenhum soldado russo realmente quer estar lá, e as sanções estão prejudicando. A Ucrânia libera a Crimeia até o final de agosto”, escreveu em seu perfil.
A região foi anexada pela Rússia em 2014. A tensão se intensificou por lá após a fuga em 2013 do então presidente ucraniano Viktor Yanukovych, que se recusou a assinar um acordo que estreitaria as relações do país com a União Europeia (UE).
Grupos pró-Rússia aproveitaram o vazio no governo nacional para assumir o comando da península e declarar sua independência. Então, em março de 2014, as autoridades locais realizaram um referendo sobre a “reunificação” da Crimeia com a Rússia. A aprovação foi superior a 90%.
Os comentários do ex-comandante geral do Exército dos EUA na Europa vêm na esteira de previsões que levam a crer que o conflito pode se espalhar para a Crimeia. Em coletiva de imprensa na semana passada, o porta-voz do Ministério da Defesa da Ucrânia, Andriy Chernyak, disse que acredita que Moscou está transferindo tropas para o norte da região anexada irregularmente, perto da ponte que liga a península ao território ucraniano, tida como um símbolo da Rússia de Vladimir Putin.
Em agosto, o líder ucraniano Volodymyr Zelensky declarou que retomar o controle da Crimeia estava em seus planos. “Isto é nosso. Os ocupantes devem saber: vamos expulsá-los até a fronteira. Até nossa fronteira, cuja linha não mudou. Os invasores a conhecem bem”, disse.
Acordo de paz distante
As negociações para o fim do conflito não avançam. De um lado, o Kremlin diz que recusaria qualquer acordo de paz que exigisse a retirada de tropas do que considera seus territórios. O cessar-fogo, para a Rússia, seria uma possibilidade desde que Kiev abrisse mão das regiões ocupadas e formalmente anexadas de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhya, algo que os ucranianos não admitem.
“Apresentando todo tipo de ideias e ‘fórmulas de paz’, Zelensky alimenta a ilusão de conseguir, com a ajuda do Ocidente, a retirada de nossas tropas dos territórios russos de Donbass, Crimeia, Zaporizhzhya e Kherson, o pagamento de reparações pela Rússia, a rendição a tribunais internacionais e afins”, afirmou o ministro das Relações Exteriores Sergei Lavrov. “É claro que não falaremos com ninguém nessas condições”, sentenciou.
Diante do impasse, a Ucrânia já havia sugerido anteriormente que não admite negociar com Putin. Em novembro do ano passado, Mykhailo Podolyak, conselheiro de Zelensky, afirmou, inclusive, que seu país só negociaria com um eventual sucessor do atual presidente, alguém que fosse mais flexível que ele.
“Importante: a Ucrânia nunca se recusou a negociar. Nossa posição negocial é conhecida e aberta. Primeiro, a FR (Federação Russa) retira tropas da Ucrânia. Depois, todo o resto. Putin está pronto? Obviamente não. Por isso, somos construtivos em nossa avaliação: vamos conversar com o próximo líder da FR”, disse Podolyak no ano passado, usando sua conta no Twitter.
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