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terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Desertor do Wagner Group é preso na Noruega após entrar ilegalmente no país

Um ex-membro do Wagner Group, organização paramilitar russa envolvida ativamente na guerra contra a Ucrânia, que fugiu para a Noruega há cerca de dez dias, foi preso por violar a lei de imigração, informou a polícia local na segunda-feira (23). Ele havia pedido asilo no país escandinavo no início deste mês. As informações são da rede BBC.

Andrei Medvedev, de 26 anos, cruzou a fronteira russo-norueguesa no extremo norte na madrugada de 13 de janeiro. Ele seria o primeiro mercenário da empresa militar privada financiada pelo oligarca Evgeny Prigozhin a desertar para o Ocidente.

Medvedev afirma ter lutado na Ucrânia como comandante do Wagner durante quatro meses antes de abandonar o front em novembro, quando a organização estendeu seu contrato indefinidamente, contrariando sua vontade. Enquanto lutava na região de Donbass, no leste ucraniano, ele diz ter testemunhado uma série de crimes de guerra, incluindo execução de desertores pelo serviço de segurança interna do grupo.

Andrei Medvedev foi preso por violar a lei de imigração norueguesa (Foto: gulagu.net/Divulgação)

Ao ser interrogado pelas autoridades norueguesas, Medvedev sinalizou que está disposto a testemunhar contra figuras importantes da organização que fez parte. Há também interesse em saber sobre a participação dele em duas das batalhas recentes mais sangrentas da Ucrânia, em Bakhmut e Soledar – esta última uma cidade estratégica abundante em riquezas naturais na região de Donetsk, parcialmente ocupada pelas forças da Rússia, a qual os mercenários reivindicaram os créditos pela sua conquista

O ex-comandante deu uma entrevista para Vladimir Osechkin, fundador da ONG Gulagu.net, um exilado grupo russo de direitos humanos, anticorrupção e antitortura. Nela, revelou que tem medo de voltar para a Rússia, onde poderia ser “brutalmente assassinado”, disse.

“Não estamos tentando encobrir Medvedev. Ele fez muitas coisas ruins em sua vida”, escreveu Osechkin em sua página no Facebook.

“Mas ele viu a luz e está disposto a cooperar com as autoridades norueguesas e internacionais em relação ao Wagner Group e seu fundador Yevgeny Prigozhin”, acrescentou Osechkin no post.

As autoridades norueguesas não indicaram que Medvedev será deportado.

O Wagner, que há até pouco tempo era envolto em mistério, resolveu definitivamente tornar sua existência pública no ano passado. Tanto que, em novembro, inaugurou a referida base central de operações em São Petesburgo, a segunda maior cidade da Rússia, que servirá também como centro para desenvolvimento de novas tecnologias militares a serviço do país.

A empresa militar privada atingiu um contingente de 50 mil combatentes no conflito no leste europeu – 80% dos membros foram retirados da prisão em troca de perdão a seus crimes.

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