Uma manifestação de rua reuniu milhares de seguidores do presidente da Tunísia Kais Saied, no domingo (3). O movimento serviu para declarar apoio às ações antidemocráticas do presidente, que no final de julho promoveu um desmanche no governo federal e concentrou o poder em suas mãos. As informações são da rede Voice of America (VOA)
O movimento dos governistas foi uma resposta a um ato similar realizado também em Túnis, duas semanas atrás, no qual oposicionistas classificaram os atos de Saied como “golpe de Estado”. Neste domingo, os manifestantes contra-atacaram e tiveram como principal alvo o partido Ennahda, sigla islâmica moderada que lidera a oposição contra o presidente.
A instabilidade política na Tunísia se intensificou no final de julho, quando o mandatário destituiu o primeiro-ministro Hichem Mechichi, suspendeu as atividades do Parlamento e concentrou em suas mãos quase todos os poderes do Estado.
Além disso, Saied suspendeu a imunidade parlamentar dos legisladores e assumiu poderes judiciais. No dia 14 de julho, antes de derrubar o governo, ele também ordenou a abertura de uma investigação contra três partidos políticos suspeitos de receberem fundos estrangeiros antes das eleições de 2019, na qual ele saiu vitorioso.
Por que isso importa?
A intervenção de Saied, que colocou em xeque os avanços democráticos do país conquistados desde a Primavera Árabe, em 2011, se segue a anos de crise econômica e inércia política, a que se soma a pandemia de Covid-19 e um processo de vacinação popular lento.
Nos últimos dez anos, o país acumulou problemas. Teve dez primeiros-ministros diferentes, que falharam em combater a corrupção e em estabilizar economicamente o país. Novato na política, o jurista Saied era uma aposta dos tunisianos para mudar a situação. O discurso anticorrupção e a rejeição ao sistema político tradicional permitiram a ele vencer o pleito com mais de 70% dos votos.
No dia 24 de julho, um dia antes de Saied derrubar o governo, os tunisianos foram às ruas protestar mais uma vez. Veio, então, a queda do primeiro-ministro e a suspensão do Parlamento. Para os partidos de oposição, sobretudo o Ennahda, as ações do presidente configuram um golpe de Estado.
A favor de Saied sempre pesou o apoio do exército, que já agiu para impedir o acesso de deputados e outros representantes populares ao Parlamento. A população desde então se divide entre apoiar e contestar as medidas.
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