Este conteúdo foi publicado originalmente no portal ONU News, da Organização das Nações Unidas
Um painel independente da OMS (Organização Mundial da Saúde) pediu uma ação ousada para conferir uma maior autoridade à agência numa resposta mais rápida a futuras epidemias e crises.
Em comunicado, a co-presidente do Painel Independente para Preparação e Resposta à Pandemia e ex-presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, disse que a mensagem do grupo “é simples e clara: o sistema atual falhou em proteger da pandemia de Covid-19.”
Segundo ela, o mundo ficará desprotegido se não agir de imediato “na próxima ameaça de pandemia, que pode acontecer a qualquer momento.” Lançado em 2020, pelo diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, o painel divulgou as conclusões e recomendações após uma revisão de oito meses sobre o enfrentamento à pandemia.
A segunda co-presidente ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, Helen Clark, contou que “os meios estão disponíveis para pôr fim às doenças graves, mortes e danos socioeconômicos causados pelo Covid-19.” Segundo ela, os líderes “não têm outra escolha se não agir” para impedir que tal catástrofe se repita.
Prevenção
O relatório afirma que o tempo levado desde a notificação de um grupo de casos de pneumonia de origem desconhecida, na cidade de Wuhan, na China, em meados de dezembro de 2019 até a declaração de uma Emergência de Saúde Pública de Preocupação Internacional “foi muito longo”.
Para o painel, perdeu-se um mês inteiro porque muitos países poderiam ter feito mais para conter o novo coronavírus. O grupo afirma que uma ação mais rápida “teria ajudado a prevenir a catástrofe global de saúde, social e econômica que continua dominando.”
Segundo a revisão, “o sistema como está agora é claramente inadequado para prevenir outro patógeno altamente infeccioso, que pode emergir a qualquer momento, e evoluir para uma pandemia.” Johnson Sirleaf diz que o que não falta são relatórios da ONU e dos países sobre crises anteriores. Para ela, “desta vez deve ser diferente.”
Propostas
Entre suas recomendações para a revisão da pandemia, o painel aconselhou as nações de alta renda a se comprometerem a fornecer “pelo menos 1 bilhão” de doses aos 92 países de baixa e média renda através da Covax até setembro de 2021.
Os principais países fabricantes de vacinas também devem compartilhar os direitos de propriedade intelectual orientados pela OMS e OMC (Organização Mundial do Comércio).
Se isso não acontecer dentro de três meses, uma renúncia aos direitos de propriedade intelectual nos termos do Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio deve entrar em vigor imediatamente.
Já os países mais industrializados, o G-7, deveriam financiar “imediatamente” 60% dos US$ 19 bilhões necessários para o Acelerador de Ferramentas de Acesso ao Covid-19 para vacinas, diagnósticos, terapêuticas, e fortalecimento dos sistemas de saúde, diz o painel.
Encontro
O grupo quer que chefes de governo se comprometam com essas mudanças numa cúpula global, adotando uma declaração na Assembleia Geral da ONU. O relatório lembra algumas das consequências da crise para os mais vulneráveis, como mais 125 milhões de pessoas lançadas na pobreza extrema.
Ao mesmo tempo, mais 72 milhões de crianças, em idade escolar, correm risco de não conseguir ler ou compreender um texto simples por causa do fechamento das escolas. As mulheres também carregam um fardo desproporcional com a violência de gênero e casamentos infantis aumentando.
E na economia, o mundo perdeu US$ 7 trilhões em produção econômica, mais do que o PIB (Produto Interno Bruto) de 2019 de todo o continente africano, cerca de US$ 6,7 trilhões.
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