Centenas de pessoas tomaram as ruas de Mogadíscio, capital da Somália, nesta terça (9), para pedir a saída do presidente Mohamed Abdullahi Farmajo.
Manifestantes ameaçam invadir a Casa do Governo caso o político não deixe o poder, disse a organização Somalia Poll, no Twitter. O mandato de Farmajo terminou nesta segunda-feira, quando deveriam acontecer eleições presidenciais no país.
O pleito seria a primeira eleição direta desde o início da guerra civil, em 1991. Ataques do grupo terrorista Al-Shabaab, porém, atrasaram os preparativos e forçaram o país a planejar outro voto indireto, onde o novo mandatário será escolhido em um conselho de anciãos dos clãs somalis.
Assim como a escolha presidencial, a votação para os legisladores, que deveria acontecer em dezembro, também foi adiada depois que a oposição acusou Farmajo de aparelhar juntas eleitorais regionais e nacionais com seus aliados.
A recusa de Farmajo de deixar o poder fez com que com a oposição somali deixasse de reconhecer o presidente. Na imprensa local, surge a hipóteses de que assessores já haviam sugerido que o presidente estendesse seu mandato.
Na segunda (8), os partidos contrários à política hegemônica do país propuseram a criação de um conselho nacional para governar a Somália após o fim do prazo. Não há uma linha de sucessão bem definida na legislação do país.
No documento da convenção, os líderes oposicionistas afirmam que não reconhecerão o poder de Farmajo após 8 de fevereiro. “Um calendário de eleições deve ser exibido imediatamente, sem demora, com o tempo especificado acordado”, diz o texto.
Vácuo de poder e insegurança
Além dos oposicionistas, líderes de dois dos cinco estados da Somália – Puntland e Jubbaland – afirmaram que não reconhecem o presidente desde segunda-feira.
O vácuo de poder e a divisão entre os políticos deve impulsionar a insurgência do Al-Shabaab no país, alertou o ex-conselheiro de segurança nacional da Somália, Hussein Sheikh Ali, à Reuters.
Segundo ele, o grupo alinhado à Al-Qaeda já havia aproveitado a insegurança para lançar ataques na região central do país. O local vivia uma relativa paz há desde 2010. No domingo (7), 12 soldados morreram após a explosão de uma bomba em Dhusamareb.
“Este é um fracasso da elite política da comunidade internacional. Eles não tinham um plano B para seguir em frente”, disse. Via embaixada no país, os EUA instaram Farmajo a “agir imediatamente” para resolver o impasse.
Já a UE (União Europeia) pediu aos líderes somalis que mostrem liderança “e não façam declarações inflamadas”. “Qualquer processo paralelo do mandato atual, que não seja de natureza técnica, seria considerado um grande retrocesso”, disse o chefe da política externa da UE, Josep Borrell, em comunicado.
Farmajo, que concorria à reeleição, ainda não se manifestou sobre sua saída ou a ascensão de um possível sucessor.
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