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terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

ONU deve ter acesso a Xinjiang para investigar abusos, pede Reino Unido

Em pronunciamento ao Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), o ministro de Relações Exteriores do Reino Unido, Dominic Raab, pediu “acesso urgente e irrestrito” à província chinesa de Xinjiang.

O discurso, feito nesta segunda-feira (22), marca o retorno do Reino Unido ao Conselho de Direitos Humanos como membro votante. Além da China, Londres também manifestou suas preocupações sobre violações na Rússia, em Mianmar e em Belarus.

No pedido, Raab afirma que as Nações Unidas devem investigar as denúncias de abusos contra a minoria muçulmana uigur. Há relatos de tortura, trabalho forçado e esterilização compulsória nos campos de detenção geridos por Beijing.

ONU deve ter 'acesso irrestrito' a Xinjiang para investigar abusos, insta Reino Unido
O ministro de Relações Exteriores do Reino Unido, Dominic Raab, em pronunciamento ao Conselho de Segurança da ONU, no dia 17 de fevereiro de 2021 (Foto: UN Photo/Loey Felipe)

“Essas violações estão ocorrendo em escala industrial”, disse Raab. “O Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos e especialistas independentes devem apurar os fatos e ter acesso urgente e irrestrito a Xinjiang“.

Beijing descreve os campos como “centros de treinamento vocacional”. Segundo o governo chinês, as estruturas, que se multiplicaram desde 2017, servem para “erradicar o extremismo” e “gerar novas habilidades”. Segundo a ONU, um milhão de uigures já passaram por esses locais.

A China, que foi eleita membro da cúpula no lugar da Arábia Saudita em 2020, negou haver abusos ao Conselho. “Nunca houve genocídio, trabalho forçado ou opressão religiosa em Xinjiang”, disse o chanceler chinês, Wang Yi.

“Essas acusações inflamadas são fabricadas por ignorância e preconceito”. Segundo Wang, as “medidas de desradicalização” da China estão de acordo com a estratégia antiterrorismo da ONU, registrou a Bloomberg.

Mianmar, Rússia e Belarus

Sobre Mianmar, Londres destacou as violações, detenções arbitrárias e restrições “draconianas” à liberdade de expressão desde o golpe militar do último dia 1. No discurso, Raab pediu pela libertação dos civis e retirada dos militares do poder.

O Reino Unido ainda chamou a atenção para a prisão do opositor ao Kremlin, Alexei Navalny. O político está detido desde janeiro, quando retornou à Rússia após se recuperar de uma tentativa de assassinato por envenenamento. Navalny acusa o governo da Rússia pelo ataque.

“Tratamento vergonhoso”, disse Raab em seu pronunciamento. “O país não está cumprindo suas obrigações internacionais”. Há, ainda, uma “crise de direitos humanos” em Belarus após a repressão brutal dos protestos contrários à sexta reeleição de Aleksander Lukashenko, em agosto.

O Conselho de Direitos Humanos da ONU reúne 47 membros, entre eles Brasil, França, Uzbequistão, Japão, Líbia, Áustria, Rússia e China.

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